Francisco/3.º aniversário: Portas abertas vão ser difíceis de fechar, diz biógrafo do Papa

Austen Ivereigh elogia dinâmica reformadora que levou Igreja a «nova fase histórica»

Lisboa, 10 mar 2016 (Ecclesia) – O escritor e jornalista Austen Ivereigh, autor da obra biográfica ‘Francisco, o Grande Reformador: Os Caminhos de um Papa Radical’, sustenta que as portas abertas em quase três anos de pontificado vão ser difíceis de “fechar”.

“Passaram-se apenas três anos, mas parece que toda uma era se passou desde a eleição do Papa Francisco, em março de 2013. E passou: a Igreja Católica sob o pontificado de Francisco entrou numa nova fase histórica – não uma rutura com o passado, mas uma nova direção, em definitivo”, escreve, num texto que vai ser publicado na próxima edição do Semanário ECCLESIA, dedicado ao terceiro aniversário do pontificado.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito; assumiu o inédito nome de Francisco, tornando-se o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e também o primeiro pontífice sul-americano.

Austen Ivereigh defende que Francisco está a iniciar um “processo” que visa “uma renovação gradual, mas permanente”.

“Embora algumas estruturas tenham sido reformadas – em especial, as finanças e as comunicações no Vaticano – a reforma mais profunda, de cultura e atitudes, está a demorar muito tempo, porque Francisco não tem qualquer desejo de forçar a mudança, criando conflitos que desperdiçam energia e tempo”, explica.

O jornalista britânico, doutorado em Catolicismo e Política argentinas pela Universidade de Oxford, realça que Francisco “abriu a porta para uma nova era e esta não pode ser facilmente fechada” e “a doutrina foi colocada em tensão com as realidades pastorais”.

Para este especialista, que tem acompanhado várias viagens pontifícias, o que mais impressiona no papado de Francisco é “a sua proximidade, a sua vizinhança”.

“O Papa é acessível, direto, humano. As suas preocupações são as preocupações das pessoas comuns”, refere.

“A Igreja do Papa Francisco está menos preocupada em preservar a comunidade dos fiéis das ‘ameaças’ do relativismo e da modernidade do que com uma transformação interna”, acrescenta.

Austen Ivereigh confessa que tem sido “fascinante acompanhar este turbilhão” e escreve que, por vezes, “parece que Francisco é mais popular e melhor compreendido fora da Igreja do que dentro dela”.

OC

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Agência ECCLESIA

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