Agravamento do estado de saúde marcou final do pontificado
Lisboa, 21 abr 2025 (ECCLESIA) – O Jubileu 2025, convocado sob o tema da esperança, acabaria por marcar a despedida do Papa Francisco, falecido hoje aos 88 anos de idade.
O Papa foi internado a14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, para recuperar de uma infeção respiratória, de onde saiu a 23 de março, permanencendo na Casa de Santa Marta até à sua morte.
Francisco surgiu na Praça de São Pedro no Domingo de Ramos e uma semana depois, na Páscoa.
Ainda em convalescença, o Papa esteve ausente da Missa de Domingo de Páscoa, para a qual escreveu a homilia, e acompanhou a leitura da sua mensagem pascal, numa cadeira de rodas.
“Caros irmãos e irmãs, boa Páscoa”, disse Francisco, antes de pedir a D. Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, para proferir o texto.
A mensagem evocou duas preocupações centrais da reflexão papal: as vítimas da guerra e a defesa da vida.
Depois, de surpresa, o Papa saiu no seu papamóvel do ‘Arco delle Campane’ para dar a volta à praça e saudar os cerca de 50 mil presentes, naquela que seria a sua última aparição pública.
O ano começou diante de embaixadores dos cinco continentes, a 9 de janeiro: Francisco traçou o retrato de um mundo em guerra, carregado de preocupações, num discurso lido por um colaborador da Secretaria de Estado.
“Na perspetiva cristã, o Jubileu é um tempo de graça. E como eu gostaria que este ano de 2025 fosse verdadeiramente um ano de graça, rico de verdade, perdão, liberdade, justiça e paz! No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem e cada um de nós é chamado a fazê-la florescer”, escreveu.
Dois dias depois decorreu primeira audiência especial do Jubileu 2025, para um abraço entre Francisco e os peregrinos que acorrem a Roma para o Ano Santo.
O Papa mostrou-se atento à evolução da guerra entre Israel e o Hamas, defendendo que “todos os reféns possam finalmente regressar a casa” e que “a ajuda humanitária chegue o mais depressa possível e em grandes quantidades à população de Gaza”.
As críticas ao plano de deportações em massa de imigrantes nos EUA mereceram fortes críticas do Papa, que numa mensagem a Donald Trump, por ocasião da sua tomada de posse como 47.º presidente dos EUA, pediu um país com “oportunidades e de acolhimento para todos”, sem discriminar ninguém.
“Espero que, sob a sua liderança, o povo americano prospere e se esforce sempre por construir uma sociedade mais justa, onde não haja lugar para o ódio, a discriminação ou a exclusão”, indicava o texto.
Francisco voltaria ao tema numa carta aos bispos católicos norte-americanos: “Tenho acompanhado de perto a grande crise que está a acontecer nos Estados Unidos com o início de um programa de deportações em massa. A consciência retamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e de manifestar o seu desacordo com qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, o estatuto ilegal de alguns migrantes com a criminalidade”.
A 25 de janeiro, no final da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, apontando aos 1700 anos do Concílio de Niceia, o Papa assumiu a disponibilidade da Igreja Católica para acolher propostas que levem à celebração comum da Páscoa por todas as comunidades cristãs.
Um dia depois, o Vaticano acolheu a celebração do VI Domingo da Palavra, com a criação de 40 leitores, que assinalou também o encerramento do Jubileu da Comunicação.
O Papa promoveu uma cimeira mundial sobre os direitos das crianças, a 3 de fevereiro, e presidiu à Missa do Jubileu das Forças Armadas e de Segurança, na Praça de São Pedro, momento em que assumiu a “dificuldades em respirar”, provocadas por uma bronquite, que o obrigou alterar a sua agenda, nos últimos dias, e pediu “desculpas”, antes de passar ao mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, D. Diego Ravelli, a responsabilidade de ler a homilia.
A 23 de março, antes de regressar ao Vaticano, o Papa quis deslocar-se a Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais, em Roma, onde se costuma deslocar antes e depois das viagens internacionais, para venerar o ícone da ‘Salus Populi Romani’, da Virgem Maria, de que é devoto.
A 6 de abril, Francisco evocou as dificuldades do seu atual estado de saúde, assumindo um momento de fragilidade e dependência da ajuda dos outros.
“Convosco, queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida, estou a partilhar muito: a experiência da doença, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio”, referiu, na homilia que preparou para a Missa do Jubileu dos Doentes e do Mundo de Saúde, lida na Praça de São Pedro.
Francisco faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli.
O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.
OC