Viagem a Lampedusa e exortação «Alegria do Evangelho» marcaram primeiro ano do pontificado
Lisboa, 21 abr 2025, (Ecclesia) – O Papa Francisco, falecido hoje aos 88 anos de idade, foi eleito a 13 de março de 2013, apresentando-se de forma simples e próxima, numa atitude que
“Agora iniciamos este caminho, bispo e povo… este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós”, disse, na sua primeira saudação, desde a varanda da Basílica de São Pedro.
Francisco, primeiro pontífice a escolher este nome, decidiu manter residência na Casa de Santa Marta, dentro do Vaticano, e encontrou-se por várias vezes com Bento XVI, seu predecessor, ao qual reconheceu um papel fundamental da redação da encíclica ‘Luz da Fé’.
A primeira viagem do pontificado, a 8 de julho, teve como pano de fundo a ilha italiana de Lampedusa, símbolo da crise migratória no Mediterrâneo.
“Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; mais, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença”, denunciou Francisco.
O Brasil foi o único destino internacional de viagens (22-29 de julho de 2013), com passagens pelo Rio de Janeiro, onde chegou a ficar preso no trânsito, para a Jornada Mundial da Juventude, e pelo Santuário de Aparecida.
O Papa esteve ainda na Sardenha (22 de setembro de 2013), onde se encontrou com desempregados e trabalhadores afetados pela crise económica; e em Assis (4 de outubro de 2013) para evocar São Francisco, que o inspirou na escolha do nome e na intenção de uma “Igreja pobre para os pobres”.
Outra iniciativa de destaque foi a jornada de oração pela paz na Síria (7 de setembro de 2013).
O texto programático do pontificado, a ‘Evangelii Gaudium’ (Alegria do Evangelho), exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, apontou a outro tema que viria a ser central, a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento.
“Assim como o mandamento ‘não matar’ põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’. Esta economia mata”, escreveu Francisco, pedindo soluções para as “causas estruturais da pobreza” e todos os tráficos e novas formas de escravatura.
Os primeiros meses da nova missão foram marcados pelas intervenções em favor da renovação da Igreja Católica e pela preocupação com as situações de pobreza e violência no mundo.
O Papa repetiu apelos por uma Igreja “em saída” e atenta às “periferias”, centrando o seu discurso, teologicamente, na “misericórdia” de Deus.
“A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho”, escreveu na exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’.
A nível interno, foi criado um Conselho de Cardeais, para aconselhar no governo da Igreja e na reforma da Cúria Romana, com representantes dos cinco continentes.
Francisco escolheu também um novo secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, diplomata que era núncio [embaixador da Santa Sé] na Venezuela, substituindo o cardeal Tarcisio Bertone.
OC