Milhões de pessoas passaram pelo Vaticano e acompanharam as viagens internacionais
Cidade do Vaticano, 12 mar 2015 (Ecclesia) – O Papa vai completar esta sexta-feira dois anos de pontificado, marcados pela preocupação com as “periferias” geográficas e existenciais da humanidade, que exigem respostas da Igreja e da sociedade.
Francisco tem apelado a uma Igreja “em saída” e atenta aos mais frágeis, centrando o seu discurso, teologicamente, na “misericórdia” que renova as atitudes dos católicos.
“O povo de Deus tem necessidade de renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo”, escreveu, na mensagem para a Quaresma de 2015
O Papa defende a Igreja Católica tem de estar junto dos “marginalizados” e rejeita a formação de uma “casta” que exclui quem sofre da vida eclesial, como disse no último consistório, em fevereiro, durante a criação de 19 cardeais, incluindo D. Manuel Clemente.
Este “evangelho dos marginalizados” tem inspirado gestos e discursos do Papa em várias áreas, com destaque para os temas ligados à defesa da vida e do matrimónio, reafirmando a doutrina da Igreja Católica ao mesmo tempo que pede atenção a cada situação particular.
Francisco, primeiro pontífice a escolher este nome, mantém a sua residência na Casa de Santa Marta, dentro do Vaticano, onde celebra diariamente uma Missa matinal, e continua a deslocar-se em carros utilitários, apresentando-se como um “homem normal”.
O Papa tem mantido contactos com o seu predecessor, Bento XVI, que convidou a participar em várias celebrações e do qual retomou reflexões que deram origem à encíclica ‘Luz da Fé’, a única publicada durante o pontificado, esperando-se que o próximo documento do género (os mais importantes assinados por um pontífice), dedicado ao tema do ambiente, seja publicado nos próximos meses.
Francisco tem mais de 19 milhões de seguidores na sua conta da rede social ‘Twitter’, um número que aumenta todos os meses, e foi acompanhado por quase seis milhões de pessoas no Vaticano, em 2014, durante diversas celebrações e encontros.
Estes números aproximados deixam de foram os dados relativos às sete viagens internacionais do pontificado (Brasil, Terra Santa, Coreia do Sul, Albânia, Estrasburgo, Turquia, Sri Lanka/Filipinas) e às quatro viagens na Itália, incluindo a ilha de Lampedusa e o cemitério militar de Redipuglia (para evocar o centenário do início da I Guerra Mundial), para além de outras visitas a paróquias na Diocese de Roma.
As Filipinas acolheram a 18 de janeiro a maior celebração do atual pontificado, junto ao estádio ‘Quirino Grandstand’, na área do Parque Rizal, com o número de seis milhões de participantes, o que representa um recorde na história da Igreja Católica.
Francisco tem apelado à paz nas várias regiões do mundo afetadas por conflitos, assumindo a defesa dos cristãos no Médio Oriente, perseguidos pelo autoproclamado ‘Estado Islâmico’, e criticando quem justifica ataques terroristas com as suas convicções religiosas, porque “não se pode fazer a guerra em nome de Deus”.
Após os atentados de Paris, no início deste ano, o Papa afirmou que o uso da liberdade de expressão exige a virtude da “prudência”, para evitar ofender o outro e provocar reações violentas.
Outra das suas preocupações tem sido a promoção do encontro entre gerações, tendo mesmo afirmado que o abandono de pais e avós é um “pecado mortal”, em particular numa Europa ameaçada por “doenças” como a “solidão” e as consequências da crise económica e social.
Ainda neste contexto, sustentou que a geração dos filhos deve ser responsável, rejeitando a ideia de que “para ser bons católicos é preciso ser como os coelhos” mas criticou quem pensa que ter mais filhos é “automaticamente” uma “escolha irresponsável”.
Depois de várias críticas a um sistema económico e financeiro injusto, que “mata”, o Papa criticou no final de fevereiro os que se aproveitam do desemprego para contratar funcionários por salários baixos.
O futuro próximo inclui, além da nova encíclica e da assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, em outubro, viagens a Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, à América Latina (Equador, a Bolívia e o Paraguai), Estados Unidos da América (Filadélfia, para o Encontro Mundial das Famílias, e Washington) e França.
OC