Patriarca sublinha momentos «paradigmáticos» do pontificado, como oração na pandemia

Lisboa, 12 mar 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse à Agência ECCLESIA que o Papa tem ajudado à redescoberta do “ADN” do Cristianismo e tornou a Igreja Católica mais “relevante no panorama internacional”.
“Francisco ajudou-nos conduziu-nos a redescobrir o âmago, o ADN do Cristianismo, que é realmente o amor de Deus por nós, um amor que se torna proximidade, sobretudo aos mais frágeis”, observa D. Rui Valério.
O responsável português entende que o Papa tem sabido estar “sempre do lado certo da história, daquele lado onde há dignidade, empenhamento pela promoção e pela salvaguarda da vida e do ser humano e da sua integralidade”.
O patriarca de Lisboa lembra, entre os vários momentos do pontificado, a bênção ‘urbi et orbi’ especial, durante a pandemia, a 27 de março de 2020, numa Praça de São Pedro “completamente vazia”.
“É uma imagem que fica como uma imagem icónica do mundo, naqueles anos de noite que nós todos estávamos a atravessar, em plena crise pandémica”, recorda.
D. Rui Valério evoca também a primeira viagem do pontificado, a 8 de julho de 2013, uma visita à ilha italiana de Lampedusa, denunciando a crise de refugiados no Mediterrâneo, como momento “paradigmático” do pontificado.
O responsável católico destaca a importância do recente processo sinodal e recorda a vigília ecuménica de oração que antecedeu a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, em 2023, que transformou a Praça de São Pedro num “jardim florido”.
Foi isso que eu vi e reencontrei como sinal daquilo que é a Igreja. A Igreja é esse mistério que é capaz de transformar todos os desertos em jardins floridos e irrigados”.
A conversa aborda as duas visitas do Papa a Portugal – em 2017, no Centenário das Aparições de Fátima, e em 2023, por ocasião da JMJ Lisboa 2023.
“Quando veio a Fátima pela primeira vez, foi a marca da sua dimensão mariana, ou da dimensão mariana da sua vida, da sua teologia, da sua espiritualidade. Certamente que, tal como recordamos aquele grito do Papa Paulo VI, para quem o viveu, ‘homens sede homens’, o do Papa Francisco foi ‘temos Mãe’, quando se referia à Nossa Senhora”, indica D. Rui Valério.
O patriarca de Lisboa assinala que a passagem de Francisco pela capital portuguesa representou “um sinal de esperança”, deixando mensagens de abertura aos outros.
No Ano Santo Extraordinário de 2016, D. Rui Valério foi um dos “missionários da Misericórdia” nomeados pelo Papa e esteve com ele, pela primeira vez, sublinhando que Francisco “não se deixou vencer pelo anonimato daquela multidão”.
“Ele teve uma atenção específica, especial para cada um de nós. E isso marca-nos para sempre”, conclui.
LJ/OC
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