França reflecte sobre diálogo entre cristãos e muçulmanos

A Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé publicou, em Paris, uma nota sobre o diálogo entre cristãos e muçulmanos. «De que modo cristãos e muçulmanos falam de Deus» evidencia que o diálogo teológico, que se refere a Deus, deve ser construído num clima de abertura ao outro e de respeito recíproco. Mas exige, ao mesmo tempo, uma clareza real de identidade da fé cristã. O documento aponta as diferenças teológicas no modo de abordar o tema Deus no mundo cristão e no mundo muçulmano, ressaltando o modo diverso com que as duas religiões falam de Deus. “O Islão insiste fortemente na unicidade de Deus e não aceita a revelação do cristianismo que se baseia no facto que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. A noção de Trindade não é compreendida e é rejeitada em nome da rejeição do politeísmo”. O documento especifica ainda que para o Islão não se pode ter a Encarnação. “Seria um atentado à transcendência de Deus”. O Islão desconhece qualquer mediação e rejeita o que parece ser um obstáculo entre Deus e os homens, enquanto para o Cristianismo a salvação é dada mediante Cristo, o único mediador entre Deus e os homens. Para o Islão, tal como para o cristianismo, Deus fala aos homens e existem duas Escrituras sagradas. Mas as concepções da revelação são muito diferentes: o Corão é fruto de um ditado de Deus a Maomé. Ao invés, para os cristãos “foi Deus que inspirou os autores bíblicos que redigiram os livros da Bíblia, servindo-se das palavras e das formas literárias do seu tempo”. O documento aponta ainda que “para os muçulmanos, as afirmações do Corão têm a autoridade da Palavra de Deus. Deste modo, o diálogo dogmático torna-se bastante difícil sobre questões essenciais”. Sem ignorar estas diferenças fundamentais “é necessário observar que o diálogo é possível sobre outros campos da fé, como as orações, a vida moral, a criação, o sentido do homem”, aponta o documento.

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