Bispos afirmam o seu empenho pelo «respeito pela vida e pela paz no mundo» e dizem que a nomeação do chanceler da Diocese de Toulouse pode « reavivar feridas»
Lisboa, 11 ago 2025 (Ecclesia) – A presidência da Conferência dos bispos de França vai visitar a Terra Santa, de 16 e 20 de agosto, e lançou uma jornada de oração pelo “respeito pela vida e pela paz no mundo”, na solenidade da Assunção da Maria.
De acordo com um comunicado divulgado na página da internet da Conferência Episcopal Francesa, os bispos pedem às comunidades que se reúnem para celebrar a Assunção de Maria, no dia 15 de Agosto, unindo “as suas orações pelo respeito à vida e pela paz no mundo”, deslocando-se depois à Terra Santa.
“De 16 a 20 de agosto, a presidência da Conferência dos bispos de França decidiu visitar a Terra Santa para manifestar o apoio da nossa Igreja não só às comunidades cristãs, mas também a todos os amigos da paz, sejam quais forem as suas convicções ou religiões, num período extremamente doloroso e incerto, marcado pela terrível tragédia humanitária em Gaza e pela interminável espera pela libertação dos reféns israelitas”, afirma o comunicado.
Os bispos de França, que presidem à conferência episcopal, desejam que “o primeiro gesto” do mandato que lhes foi confiado seja “visitar a Igreja que vive em Jerusalém e em toda a região”, associando-se aos esforços que “ela desenvolve com homens e mulheres de boa vontade, para assegurar às populações desta terra, especialmente aos mais pobres, o apoio material e espiritual de que necessitam”.
O comunicado é assinado pelo presidente da Conferência dos bispos de França, cardeal Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marseille, e pelos vice-presidentes D. Vincent Jordy, arcebispo de Tours, e D. Benoit Bertrand, bispo de Pontoise, que confiam “às orações de todos esta peregrinação de esperança”.
A presidência da Conferência Episcopal Francesa refere-se depois à atualidade eclesial no país, que tem sido “muito intensa” nas últimas semanas, evocando o “caminho da verdade” que a Igreja tomou nos últimos anos a respeito da “dolorosa questão dos abusos cometidos no seu seio”.
“É muito importante continuar este trabalho em todos os setores da vida eclesial. Pouco a pouco, aprendemos a olhar para estes factos, em primeiro lugar, do ponto de vista das pessoas que foram vítimas e que sofrem as consequências ao longo da vida”, refere o documento.
De acordo com o comunicado, está em causa uma “mudança de perspetiva”, que os bispos afirmam estar “determinados a prosseguir”.
Neste contexto, o presidente e os vice-presidentes da Conferência dos bispos de França informam que iniciaram um “diálogo construtivo com D. Guy Kerimel, arcebispo de Toulouse, convidando-o a reconsiderar a decisão que tomou quanto à nomeação do chanceler da sua diocese”.
D. Guy Kerimel nomeou o padre Dominique Spina, que foi condenado em 2006 por violação, chanceler da diocese de Toulouse, justificando a sua escolha num comunicado publicado na página diocesana da internet, referindo a necessidade de “ter misericórdia de um padre que pecou gravemente há trinta anos”.
“No que diz respeito ao caso do padre Dominique Spina, a vítima foi reconhecida, obteve justiça, o crime foi denunciado e o padre Spina cumpriu quatro anos de prisão. Tanto a sociedade como a Igreja devem desejar e zelar pela reintegração segura dos condenados”, afirma D. Guy Kerimel no comunicado.
A presidência dos bispos franceses, alerta, por sua vez, para a importância canónica e simbólica do cargo de chanceler numa diocese e para o risco, neste caso de “reavivar feridas”.
“Tal nomeação para um cargo tão importante, canónica e simbolicamente, só pode reavivar feridas, despertar suspeitas e confundir o povo de Deus”, conclui o comunicado da presidência da Conferência dos bispos de França.
PR