“Os nossos soldados lutaram aqui com o afinco próprio dos construtores, devotados a derrubar muros de divisão e de discórdia e empenhados em lançar estradas e vias para a Paz universal» – D. Rui Valério
Boulogne-sur-Mer, França, 17 abr 2023 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal presidiu este domingo à Missa na região do Alto da França, onde estão sepultados “muitos heróis portugueses da Primeira Grande Guerra”.
“O desafio reside na obrigação de encontrar um sentido para que, precisamente este lugar, se compreenda como epifania da misericórdia. Quanto à mensagem, ela vem lançada a partir da Palavra de Deus, mas sobretudo do coração do Pai, para iluminar a humanidade nos caminhos da paz e da concórdia, a fim de nunca mais, nenhuma terra, seja banhada com o sangue nem de soldados, nem de nenhum outro ser humano”, disse D. Rui Valério, numa homilia enviada à Agência ECCLESIA.
A Igreja Católica celebrou neste II Domingo da Páscoa o dia da Divina Misericórdia, festa criada pelo Papa João Paulo II.
O bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal afirmou que a misericórdia “transforma todo o campo de batalha em jardim florido com as cores da compreensão, do entendimento e da fraternidade”, na Missa que presidiu em Boulogne-sur-Mer, cidade e comuna francesa no departamento de Pas-de-Calais, perto Canal da Mancha.
Os nossos soldados lutaram aqui com o afinco próprio dos construtores, devotados a derrubar muros de divisão e de discórdia e empenhados em lançar estradas e vias para a Paz universal. Mais, lutaram para que imperasse a liberdade na vida e no coração dos homens a fim de poderem expressar os sentimentos de compaixão, e encarná-los em obras de Misericórdia para com todos os seres humanos, dando glória a Deus”.
Uma delegação de Portugal, constituída por membros do Governo, diplomatas, militares, a Liga dos Combatentes e D. Rui Valério, com altas entidades públicas e patentes das Forças Armadas da França, estão na região do Alto da França, para “prestar homenagem” aos portugueses que morreram na I Guerra Mundial (1914-1918), nos campos da Flandres e também noutros combates, “particularmente em La Lys”.
“Aqui, ninguém sente qualquer contradição entre esta homenagem e a celebração da Misericórdia, antes pelo contrário: Sentimos que aqueles e aquelas que deram as suas vidas nesse dramático conflito, o fizeram ao serviço do seu País e pelo seu povo, mas também na esperança de que estariam a combater para a construção de pontes de entendimento entre os povos e as nações”, afirmou o bispo português.
O responsável católico recordou que os soldados portugueses, quando regressaram, em 1918, levaram “o emocionante Cristo das Trincheiras” que está na Capela do ‘Soldado Desconhecido’, no Mosteiro da Batalha.
“Ele revela-nos que o sofrimento do mundo e da humanidade é também o seu sofrimento, mas também, perante Ele, sentimos desarmados de toda a agressividade e violência”, acrescentou, destacando que “só a Misericórdia constrói a paz”.
A comitiva portuguesa também esteve em Ambleteuse e outras localidades, como Richebourg, aqui D. Rui Valério presidiu à Missa na igreja de São Jorge, e onde, 3 de abril de 2022, foi inaugurado o Jardim da Paz Português em Richebourg, no norte da França, perto do cemitério onde estão sepultados 1831 soldados portugueses mortos na Primeira Guerra Mundial, com uma instalação em mármore azul de Portugal, envolvida por 12 carvalhos.
CB/OC