Momento de referência no encontro entre membros das várias Igrejas cristãs faz balanço do caminho percorrido Mais do que momentos celebrativos ou encontros de boas intenções, o Fórum Ecuménico Jovem tem vindo a potenciar caminhos comuns entre as várias Igrejas cristãs. A luta pela erradicação da pobreza juntou, recentemente, a Fundação Desafio Miqueias e a Antena Fé e Justiça, África-Europa, entregaram ao Primiero-Ministro uma carta aberta e “conseguiram congregar diversas instituições, na sua maioria religiosas, mas não só”, lembra à Agência ECCLESIA, o Pe. Tony Neves, sacerdote espiritano. Em torno de um dos objectivos da humanidade “ficou provado ser possível darmo-nos as mãos numa colaboração efectiva”. O sacerdote lembra ainda o lançamento do primeiro CD ecuménico que pretendeu apoiar uma instituição da Igreja Metodista que trabalha no acolhimento crianças carenciadas e sem família, no Porto. O caminho de comunhão “nunca dá saltos, mas deve ser de progressão”. O Pe. Tony Neves indica que “actualmente existem sinais que o ecumenismo não é meramente teórico”. Um caminho que começou em Graz, na Áustria, em 1997, durante a II Assembleia Ecuménica Europeia, onde uma delegação portuguesa participou e aí sentiu a necessidade de, em Portugal, se fazer alguma coisa mais do que habitualmente se faz “na semana de oração pela unidade dos cristãos, em Janeiro”. A proposta foi, mais tarde “agarrada na pastoral juvenil”, recorda o Pe. Tony Neves, sacerdote espiritano à Agência ECCLESIA. Em 1999, em Leiria aconteceu o primeiro Fórum Ecuménico Jovem, juntando os departamentos das Igrejas do COPIC – Conselho Português das Igrejas Cristãs, que aderiram ao projecto, no caso o departamento Nacional da Pastoral Juvenil da Igreja Católica Apostólica Romana, o departamento da Juventude da Igreja Lusitânia Católica Apostólica Evangélica, o departamento da Juventude da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa e o departamento da Juventude da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal. A partir daqui, “a equipa ecuménica jovem nunca mais parou de reunir”, dá conta o Pe. Tony Neves, membro da equipa que destaca o objectivo de “lançar algumas iniciativas que possam ser «agarradas» por outros”. Desde 1999 o Fórum Ecuménico foi sempre realizado. A par desta actividade, “valorizamos muito uma intervenção juvenil por ocasião da semana da unidade dos cristãos em diversas partes do país e em cada ano criamos uma iniciativa diferente e complementar”, afirma, exemplificando com as peregrinações ecuménicas a Taizé, o campo de trabalho ecuménico jovem na casa do Telham dos Irmãos São João de Deus, lançamento de um CD ecuménico jovem para apoio de uma instituição metodista no Porto ou ainda o encontro europeu de jovens de Taizé em Lisboa, em 2005. Num regresso à origem, o Fórum Ecuménico Jovem de 2008, marcado para o próximo Sábado, dia 25 de Outubro, será no mesmo palco que o primeiro, ou seja, na Quinta da Matinha, em Leiria, e “vamos lançar o segundo CD ecuménico”, adianta o sacerdote. O Pe. Tony Neves sublinha que recordar o caminho só faz sentido se “nos projectar para o futuro”. O propósito do FEJ 2008 prende-se com uma avaliação celebrativa da caminhada. “Contamos para isso com a presença de cerca de 250 jovens e vamos tentar perceber, até que ponto, as grandes ideias da caminhada estarão presentes”. D. Manuel Felício, Presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e do Ecumenismo, por parte da Igreja Católica, e D. Sifredo Teixeira, Presidente do COPIC, “irão recordar este caminho e lançar pistas para o futuro, em termos mais institucionais e hierárquicos”. O sacerdote espiritano destaca ainda, no encontro, a abordagem de três temas que, “no âmbito ecuménico são fundamentais” – a interculturalidade “porque a comunhão também se faz na congregação da diferença e da riqueza de sermos interculturais e interconfessionais”, a oikologia “onde será abordada a ecologia, mas numa perspectiva de casa comum” e por último a espiritualidade “onde vamos reflectir sobre de que forma construímos comunhão e solidariedade”. Esta reflexão “trará consequências práticas na nossa vida de cristãos e de Igreja em Portugal”. “Desfeitas algumas barreiras mais de carácter psicológico”, acrescenta, “temos condições para apresentar ao mundo, como cristãos, um projecto de felicidade e de resolução de alguns problemas graves”. O Pe. Tony Neves salienta ainda que “à medida que as pessoas têm mais formação, informação e experiência vivida sobre os caminhos de encontro, isso potencia, no futuro, mais entre-ajuda e comunhão”.