Bispo de Angra critica a existência do que considera como «estratégia de omissão no ensino religioso» Numa altura em que o debate sobre a educação atravessa Portugal, D. António de Sousa Braga, Bispo de Angra, quer sublinhar a importância da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica nas escolas públicas, considerando que a EMRC integra um “projecto educativo” que envolve pais, professores e também os alunos. O Bispo de Angra afirma, através de uma nota pastoral, existir uma “estratégia de omissão no ensino religioso”. “Não basta, pois, o reconhecimento legal da disciplina. É preciso criar as condições necessárias para a sua leccionação”. Neste sentido, D. António Braga relembra a Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, onde se afirma que a presença do ensino religioso na escola «não contradiz, nem agride, uma justa laicidade do Estado, hoje unanimemente reconhecida… É urgente chegar a uma fórmula evoluída, em que as formas de apoio do Estado, não apenas à Igreja Católica, mas a todas as confissões religiosas que claramente contribuam para o bem comum, não sejam consideradas privilégios, mas direitos democráticos». D. António Sousa Braga explica que nos Açores a disciplina de EMRC “integra – e bem – o currículo regional, como disciplina opcional. O que significa que é ou deve ter como alternativa outra disciplina na área da Formação Pessoal e Social”. Uma realidade que o Continente desconhece. A disciplina de EMRC “não é nem deve ser catequese. Não é uma forma de «proselitismo» das confissões religiosas”, mas antes uma abordagem “cultural do fenómeno religioso”. “Tanto para crentes, como para não crentes, abre caminho ao diálogo fé-cultura”. Na Escola Pública a disciplina pode contribuir para “dar consistência ao projecto educativo”, pois visa “a educação integral dos alunos, num quadro de valores, que caracterizam a nossa identidade cultural, claramente de raiz cristã”. D. António Sousa Braga frisa que educar é formar para a vida. “A educação não consiste apenas em obter competências técnicas, indispensáveis, mas insuficientes para dar um rumo à vida. A dimensão religiosa abre um horizonte de sentido para a vida, procurando respostas às grandes interrogações da existência”. O ensino da disciplina depende “da qualidade pedagógica” e de um grande empenho dos professores de EMRC que precisam de “formação permanente”. Os professores devem “estar inseridos na lógica da escola” e ai, como qualquer baptizado, assumir-se católico e agir “em consequência no meio em que trabalha”. “A vocação e missão dos leigos baptizados é de «índole secular». Na sua actividade profissional devem ser fermento que leveda a massa, com os valores evangélicos. O que chama em causa os professores e auxiliares de educação católicos. A participação na disciplina, que se insere na Pastoral Escolar, no momento das matrículas “é especialmente da responsabilidade dos pais”. Mas o Bispo de Angra questiona o facto de os adolescente “pedirem o Sacramento do Crisma, sem se matricularem na disciplina de EMRC”. Preocupados com o futuro dos filhos, os pais devem poder contar com “a colaboração da Escola e da Igreja, em vista de uma educação integral, uma educação para os valores, em que não pode faltar a dimensão moral e religiosa”. Notícias relacionadas Ensino Religioso Escolar e «Emergência Educativa»