Forças Armadas: «O que eu desejo não é passar cá o Natal; espero passar com os meus, que é diferente» – Tenente-Coronel Victor Gomes

«Nada é mais nobre para um soldado do que salvar vidas. Graças a Deus já o fiz e isso faz de mim um homem melhor»

Foto: Exército Português

Lisboa, 17 dez 2020 (Ecclesia) – O Tenente-Coronel Victor Gomes disse à Agência ECCLESIA que a missão, desenvolvida por alguém destacado das Forças Armadas ou por um “enfermeiro, bombeiro ou auxiliar” tem a marca do serviço sempre pronto quando a necessidade acontece.

As Forças Armadas e de Segurança estão destacadas para, “de forma supletiva”, poderem ajudar os “agentes da proteção civil”, e, explica o Tenente-Coronel, “é isso que está a acontecer neste momento”.

Na carreira militar desde 1992, Vítor Gomes é paraquedista e foram muitas as missões que o levaram para longe da sua família, concretamente à Bósnia, à Republica Centro Africana (RCA) e ao Iraque: “No Iraque, em 2005, a situação era extremamente grave” e a sua família, nesse Natal, foram “ingleses, americanos e um dinamarquês”, recorda.

Este ano, estará em Portugal, mas não hesita: “O que eu desejo não é passar cá, espero passar com os meus, que é diferente”, sugere.

“Desde o bombeiro, a enfermeira, ou auxiliar de um estabelecimento para idosos, ou uma mãe que espera o seu filho, que saiu em serviço para um bem maior, num dia de Natal, esse é o espírito natalício”, afirma.

Em 2019, o Tenente-Coronel Victor Gomes comandou as Forças Destacadas na missão que levou os militares, durante o Natal, à RCA.

É tradição, entre ao paraquedistas, fazer um concurso de presépios, e indica o militar, “não há módulo ou secção que não tenha a sua árvore de natal – de forma arcaica, três pedacinhos de madeira e uma luzinha e estava feito”.

“Uma coisa que me desagrada, é comer bacalhau na consoada. Mas ai de mim se, no meio das munições e reabastecimento de apoio a uma missão destas, me esqueço do bacalhau. Tenho uma revolta dos meus homens se me esqueço do bacalhau para a consoada”, lembra.

Afastados das suas famílias de sangue, a missão fala mais alto e “ainda mais em tempo festivo”, reconhece.

“Quando a missão tem um propósito que é levar o bem, reconhecemos que o objetivo final é demonstrado no dia-a-dia e ainda mais no Natal. Quando temos pessoas -desesperadas, e isso acontece numa época festiva, enche-nos o coração. E é isso que trago dos momentos fora”, recorda.

Longe, e em situações “extremamente graves”, onde o risco “é quotidiano”, o Tenente-Coronel Victor Gomes assume que a sua missão “é servir”: “Nada é mais nobre para um soldado do que salvar vidas. Graças a Deus já o fiz e isso faz de mim um homem melhor”.

A entrevista vai ser emitida hoje no programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45.

LS

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