Forças Armadas e Segurança: Linguagem «complicada» e falta de «territorialidade» marcou processo sinodal

Importância do acompanhamento e presença do capelão mililtar emergiu no processo de escuta e diálogo 

Foto: Forças Armadas Portuguesas

Lisboa, 23 ago 2024 (Ecclesia) – O padre Leonel Castro, coordenador da equipa que na Diocese das Forças Armadas e de Segurança acompanhou o processo sinodal, dá conta à Agência ECCLESIA da dificuldade de adequar o caminho a uma população pouco territorial.

“Esta diocese não pode ser interpretada como uma diocese normal, porque a especificidade desta diocese é servir de uma forma diferente porque estamos a tratar de homens e mulheres de todo o Portugal, espalhados pelas diversas bases, com famílias espalhadas. Umas vezes reuníamos com uns, outras vezes com outros, havia dificuldade em dialogar”, reconhece.

O Papa Francisco lançou em 2021 um processo de escuta e diálogo alargado a toda a Igreja Católica, convidando os cristãos a pensar caminhos para tornar a Igreja mais missionária, mais em comunhão e mais participada.

O responsável reconhece a mudança de “paradigma” com o método sinodal, mas lamenta a “linguagem complicada” dos documentos que afastam as pessoas: “Estes documentos que vão saindo são documentos muito complicados de interpretar para o cidadão comum e para os militares também. Claro que são conclusões interessantes, mas que não podem ficar no papel”.

O padre Leonel Castro indica que o processo sinodal veio mostrar que o fundamental passa pela presença do capelão nas unidades militares e de segurança mas que este, indica, “não pode ser um padre de freguesia”.

“O sucesso da missão das Forças Armadas com a Capelania é esta presença assídua sempre do Capelão no meio dos militares. Porque o Capelão ainda tem um papel não só de espiritualidade, mas também de acolhimento, de ser próximo, de partilhar as dificuldades e ajudar pessoas, e isso leva a que os militares não prescindam do Capelão nas suas missões”, indica.

“O papel do Capelão hoje nas Forças Armadas não é celebrar missas ou Eucaristias. Isso não leva a lado nenhum. A presença do Capelão, a missão do Capelão é estar com os militares, é viver com eles, é estar, para que eles sintam o capelão como um amigo que ajuda nas dificuldades, nas alegrias, nas tristezas”, acrescenta.

Capelão militar há 22 anos na Força Aérea, o padre Leonel Castro indica que a “camaradagem e a lealdade” são os princípios da fraternidade que a Igreja propõe e que os militares e as forças de segurança vivem.

“O espírito de camaradagem não é outra coisa que a fraternidade. Nós somos irmãos uns dos outros, nas dificuldades, na alegria e na tristeza, unidos nesta fraternidade. É a lealdade, a camaradagem, o espírito do corpo – são valores que vão para além de uma pessoa”, explica.

A conversa com o padre Leonel Castro vai estar no centro do programa ECCLESIA na Antena 1, sábado, pelas 6h.

LS

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