Bispo do Ordinariato Castrense evocou «os que perderam a vida em missão, em acidentes, em serviço», numa celebração na igreja de São Francisco Xavier

Lisboa, 04 nov 2025 (Ecclesia) – O bispo do Ordinariato Castrense lembrou esta manhã, na igreja de São Francisco Xavier, no Restelo, em Lisboa, todos aqueles que serviram Portugal nas Forças Armadas e Forças de Segurança e já partiram.
“Hoje, sobre este altar, juntamente com o pão e o vinho, trazemos a vida de tantos homens e mulheres que serviram Portugal nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança. Lembramos os que perderam a vida em missão, em acidentes, em serviço, e os que, concluída a missão, partiram em paz”, afirmou D. Sérgio Dinis, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
Na celebração, em comemoração de todos os fiéis defuntos, o bispo salientou que “cada um é mais do que um nome numa lápide: é uma história de coragem e entrega”, um capítulo da “história comum”.
“Por isso, a Igreja não os esquece — ora por eles. Por isso, Portugal não os esquece — faz-lhes memória”, sublinhou.
Perante entidades civis e militares, D. Sérgio Dinis abordou a morte como uma “verdade” que todos conhecem, mas que “raramente” têm coragem de enfrentar, realçando que “nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, ela não é uma ideia abstrata, mas uma companheira silenciosa, presente em cada missão, patrulha, voo ou intervenção”.
“Todos sabem, mesmo sem o dizer, que o serviço pode exigir a vida. E, no entanto, vivemos numa sociedade que quase já não sabe o que fazer com a morte: tenta escondê-la, apressá-la, cumprir os ritos mínimos e regressar à rotina, como se nada tivesse acontecido”, referiu.
No entanto, a morte acaba sempre por visitar, recorda o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, dando exemplo de “quando um camarada não regressa, quando uma farda fica pendurada, quando o toque de silêncio corta o ar de uma parada”.
“É então que surgem as perguntas inevitáveis: Que fazer diante do vazio que a morte deixa? Como amar alguém que já não está visivelmente connosco? Como encontrar Deus dentro da ferida que o luto abre?”, indica.
O bispo do Ordinariato Castrense evidencia que “a fé cristã não foge a estas perguntas — entra nelas”, caminha com todos “na dor e oferece sentido à perda”.
“É isso que fazemos nesta Eucaristia: confiamos os nossos mortos ao amor de Deus — os que tombaram em combate, morreram em serviço, ou partiram depois de uma vida longa e fiel ao dever”, assinalou.
Na homilia, em que citou o Papa Leão XIV, D. Sérgio Dinis ressaltou que “Deus não perde ninguém”, acrescentando que “mesmo os esquecidos vivem na memória viva de Cristo”.
Irmãos, a morte é uma senda de esperança: o amor exige eternidade”, enfatizou.
Segundo o bispo das Forças Armadas e de Segurança, este dia é um convite “a viver entre memória e esperança”.
“Memória — porque guardamos os que nos precederam; esperança — porque acreditamos que não estão perdidos, mas acolhidos e que um dia os reencontraremos. Entre ambas, rezamos: ‘Senhor, recebe todos no teu amor’”, explicou.
De acordo com D. Sérgio Dinis, “celebrar esta Eucaristia é um ato de fé e comunhão”, em que não se reza apenas pelos defuntos, reza-se com eles.
“Que esta celebração nos ensine a olhar a morte com serenidade cristã, não como um fim, mas como uma passagem, a cuidar da memória dos nossos mortos com gratidão e a viver a vida com sentido de missão. Porque quem acredita na ressurreição não foge da terra — ama-a mais”, frisou.
O bispo rezou “por todos os que partiram: pelos militares e polícias que tombaram, pelos civis que serviram, pelas famílias que choram” e pelos vivos, que são “chamados a prolongar o testemunho dos que chegaram ao repouso”.
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