Novo espaço afirma a ligação dos alunos-cadetes a Nossa Senhora de Fátima e celebra São Teotónio, associado ao reconhecimento da independência do reino de Portugal
Lisboa, 18 fev 2022 (Ecclesia) – D. Rui Valério dedicou hoje a capela da Academia Militar, lugar de “escuta” e “ação” para os alunos que ali se formam e indicou aquele espaço como caminho para a concretização do “diálogo”, “meio e instrumento da paz”.
“A escuta é o principal meio para abater as barreiras da divisão e da violência. A maior proximidade realiza-se quando uma palavra dita também vem escutada. Como tal, temos no diálogo o principal meio e instrumento da paz. Nessa medida, existir um lugar como esta Capela na Academia Militar é situá-la no contexto próprio da sua Missão de formar os verdadeiros defensores e promotores da paz”, afirmou o bispo das Forças Armadas e de Segurança na cerimónia que dedicou o espaço, na Amadora.
“Não chega ouvir o clamor dos últimos, é necessário responder-lhe. É preciso traduzir as palavras, ditas e ouvidas, em empreendimentos, em gestos, em atividades. Quando são evocados, em espírito de fé, de compaixão e de fraternidade, os dramas de franjas da sociedade, também somos mobilizados para a ação”, acrescentou na homilia da celebração decorrida hoje na Academia Militar.
A opção de Nossa Senhora de Fátima e São Teotónio como orago da capela da Academia Militar prende-se com a ligação dos cadetes-alunos à figura de Nossa Senhora, traduzida no transporte do andor, nos dias 12 e 13 de maio, durante as peregrinações que anualmente são efetuadas e também celebra a figura de São Teotónio, associada ao processo político-religioso que levaria ao reconhecimento da independência do reino de Portugal pelo Papa Alexandre III ao seu papel de aconselhamento do rei D. Afonso Henriques, à sua capacidade de diálogo entre os povos e ao seu humanismo.
A capela celebra assim as datas de 13 de maio, na evocação da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, e 18 de fevereiro, memória litúrgica de São Teotónio.
D. Rui Valério afirmou ainda o momento como “significativo”, enquadrando na tensão internacional sentida entre a Ucrânia e a Rússia.
“A paz é um acontecimento que começa no coração de cada um. E a pacificação, a reconciliação, e a concórdia, acontecem nos espaços da paz, do diálogo, da escuta e partilha, que é o lugar físico de uma Igreja e capela”, explicou à Agência ECCLESIA.
O padre António Borges da Silva, Capelão da Academia Militar, fala num espaço “identitário” que vem agora valorizar o trabalho realizado “em outros espaços”.
“Esse trabalho já era feito noutros espaços, noutras salas, nos auditórios: o trabalho de formação e assistência espiritual e de reflexão, de estudo bíblico, de catequese, porque faz parte da nossa cultura e matriz. Este local permite chamar à interioridade e permite que cada cadete, oficial, sargente, praça ou civil, poder passar aqui ao longo do dia, tirar umas horas de reflexão, concentração em si e em Deus e também para dar graças”, afirmou o capelão à Agência ECCLESIA.
O responsável recorda a “associação” que na Academia Militar se realiza na formação, entre o direito, a ciência e a espiritualidade.
“O espaço físico era necessário, foi sonhado e desejado, foi planeado, estudado, foi enquadrado. É um espaço físico que não quer dizer que comece de novo, nada disso. Sempre houve espiritualidade forte nos nossos cadetes e docentes, oficiais, sargentos e praças, nos civis. A fé sempre foi forte. Este espaço físico é apenas o lugar do encontro, do diálogo, do entendimento entre todos, do encontro com Deus e do encontro connosco próprios. E era necessário”, sustenta.
O comandante da Academia Militar assinalou o quanto a espiritualidade contribui para o “bem-estar, para a moral de todos”.
“É um espaço importante porque é de culto, vai ser utilizado pelos alunos da academia Militar, pelo capelão que tem um acompanhamento muito próximo dos alunos e é um espaço vivo que vai ser utilizado semanalmente por todos”, afirma o Major-General João Carlos Cabral de Almeida Loureiro Magalhães à Agência ECCLESIA.
LS