Países mais ricos devem «subordinar tendência especulativa dos mercados a uma lógica de proteção social», dizem Cáritas Internacional e CIDSE
Lisboa, 12 jun 2012 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional, em parceria com a CIDSE, união internacional de agências católicas em favor do desenvolvimento, chamou hoje a atenção dos países mais ricos para a importância de defenderem a distribuição equitativa dos bens alimentares.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o secretário-geral da Cáritas Internacional, Michel Roy, sublinha que “a fome não é inevitável” e “deve ser contrariada através da promoção de políticas agrícolas sustentáveis”, sobretudo “nos países mais desfavorecidos”.
Atualmente, cerca de “925 milhões de pessoas” são afetadas diretamente por fatores relacionados com a falta de alimentos.
Todos os dias, mais de sete mil crianças perdem a vida devido a problemas de “subnutrição”.
Por outro lado, “uma em cada quatro crianças” manifestam graves insuficiências ao nível do crescimento, estatística que, de acordo com a carta publicada pela Cáritas Internacional e pela CIDSE, sobe para “uma em cada três crianças” nos países em vias de desenvolvimento.
Segundo aqueles dois organismos católicos, mais do que aumentar a produção de bens alimentares, “fator que, por si só, não resolverá” as principais situações de carência, a solução terá de incidir na “reconfiguração das cadeias de armazenamento e distribuição de alimentos”.
As duas entidades sublinham a necessidade dos países mais desenvolvidos “subordinarem a tendência especulativa dos mercados a uma lógica de proteção social”.
Em causa está também a criação de leis que impeçam a subida desmesurada dos preços, na indústria alimentar, salvaguardando assim os interesses dos mais pobres.
O apelo conjunto surge numa altura em que os 20 países mais poderosos do mundo (reunidos num grupo conhecido como G20), se preparam para debater soluções favoráveis ao crescimento económico, à estabilidade social e à criação de emprego, durante uma cimeira que terá lugar no México, entre 18 e 19 de junho.
Para o secretário-geral da CIDSE, organismo que conta com a colaboração da Fundação Fé e Cooperação, da Conferência Episcopal Portuguesa, “a cimeira mexicana vem colocar à prova a liderança dos países mais ricos, em matéria de segurança alimentar e regulação dos mercados”.
Bernd Nilles espera que a reflexão do G20 contribua para “fortalecer a produção local de alimentos e abra novas perspetivas aos pequenos e médios produtores”.
“O G20 tem também a responsabilidade de liderar a luta contra a pobreza no mundo, já que mais de metade dos pobres residem precisamente nos países mais desenvolvidos”, acrescenta aquele responsável, apontando para nações como a África do Sul, a Argentina, os Estados Unidos, a China ou a Índia.
A Cáritas Internacional e a CIDSE estão atualmente a trabalhar em projetos de sensibilização e informação junto dos países mais poderosos, através de uma rede composta por mais de 180 agências católicas.
JCP