FNO/Porto: «Todo o riso é importante, mesmo o riso a fingir» – Fernando Batista

Especialista em risoterapia foi um dos oito oradores do Faith’s Night Out que decorreu no Porto sobre o tema «A Alegria Constrói o Mundo»

Porto, 17 mar 2024 (Ecclesia) – O especialista em risoterapia Fernando Batista foi um dos oradores do Faith’s Night Out (FNO), que decorreu na noite deste sábado, no Porto, onde lamentou que o riso esteja em “desuso” e afirmou que até o riso a fingir é importante.

“Todo o riso é importante, mesmo o riso a fingir. O nosso cérebro, o nosso corpo, não processa a diferença entre o riso a sério e o riso a fingir. Importante é desenhar esta curva da felicidade, que se chama ‘smile’, e trabalhar essa curva naturalmente. Quando já não conseguimos desenhar essa curva, as coisas já não estão nada fáceis”, disse Fernando Batista à Agência ECCLESIA.

O professor de Educação Moral e Religiosa Católica apresentou no FNO o seu percurso pessoal e profissional até à criação da empresa “Maisfeliz”, que aposta na risoterapia como ferramenta de trabalho na área da educação, da saúde, nas organizações, com as pessoas mais idosas e também na dimensão espiritual, tendo criado o projeto “Rir com Deus”.

Fernando Batista lamenta que, “numa sociedade em que é tudo muito rápido, pensamento acelerado, o riso também tem de ser acelerado”: “Não! O riso tem de calmo e tranquilo”, apontou.

A edição do ‘Faith’s Night Out’ (FNO), na cidade do Porto, decorreu no Auditório Ilídio Pinho, na Universidade Católica Portuguesa (UCP) e teve como tema ‘A Alegria Constrói o Mundo’.

O padre Miguel Pedro Melo fez a comunicação no FNO/Porto a partir da frase “ser instrumento da alegria”, apelando à construção de uma “humanidade mais musical”.

“Temos tentado criar uma humanidade demasiado eficiente, racional, objetiva, esquecendo que tudo o que nos parece ser diminuidor da verdade, ou seja a subjetividade, a posição pessoal, que são realidades que nos compõem”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.

Para o sacerdote jesuíta, “a arte traz qualquer coisa que tem sido muitas vezes esquecido e que retira a experiência da maravilha”, que constitui o ser humano e “leva à profundidade, à fé, à sensibilidade do irmão, do sofrimento”.

O padre Miguel Pedro Melo considera que a “grande crise” na atualidade não é religiosa, mas de profundidade, e a arte é um meio para “aceder à profundidade”.

O FNO/Porto, contou também com os testemunhos de D. António Couto, Leonor Belo, Mariana Abranches Pinto, Filipa Pinto Coelho, a irmã Vera de Jesus e Hugo Novais.

Foto Agência ECCLESIA/PR

“A alegria do essencial” foi o tema para o testemunho da irmã Vera Maria de Jesus, religiosa carmelita, que vive a vida contemplativa no Mosteiro de Paços de Ferreira. “Como é possível experimentar a alegria com tantas renúncias?”, questiona a religiosa para deixar a resposta logo de seguida: “Os monges de qualquer religião, são sempre renunciantes, vivem a ascese. Isso é olhar o lado negativo. Nós renunciamos àquilo que não é essencial, àquilo que é finito, para vivermos com o essencial”. A irmã Vera Jesus acrescenta: “o que fica para sempre é Deus que é feliz, alegre, plenitude e nós que participaremos d’Ele”.

Leonor Belo tem trissomia 21 e afirmou no auditório da UCP que cada pessoa tem de seguir os seus sonhos. “Temos de ouvir as nossas vozes para todos seguirem o que querem, os sonhos de cada pessoa”, disse a jovem aos participantes no FNO/Porto. “Todos vão ouvir a nossa voz”, a

Foto Agência ECCLESIA/PR

frase do hino da JMJ Lisboa 2023, inspirou a sua comunicação, onde partilhou o percurso de vida pessoal, na escola, no trabalho na área do protocolo na Câmara Municipal de Oeiras e as suas “histórias de vida”, que passam também pelo seu canal YouTube onde entrevista muitas personalidades. “Temos de mostrar a alegria do que somos”, afirma.

Mariana Abranches Pinto, doente oncológica, é mãe da Nini, que morreu aos 18 anos, com cancro. Desafiada a falar sobre a “alegria no bom morrer”, Mariana afirma: “Não encontro sentido no morrer, encontro sentido na vida que a Nini teve cá nesta terra, nestes 18 anos maravilhosos. Encontro sentido nisso. Ela viveu de forma tão estrondosa, tão estrondosa, tão estrondosa… que só posso estar alegre! E continuo com ela”. Questionada sobre a atitude a fomentar no momento da morte de amigos ou familiares, Mariana Abranches Pinto aconselha a “não dizer disparates”, mas a “permanecer e escutar”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Hugo Novais foi interpelado, um dia, com uma pergunta: “Porquê? Porque é que eu quero pertencer a um sítio que na verdade não pertenço?”. Não conseguiu as respostas sozinho que lhe permitissem a “Alegria de recomeçar”, como partilhou no FNO/Porto, após viver anos de dependências, antes de celebrar 20 anos. Procurou ajuda, rodeou-se de “boas companhias, pessoas que tinham objetivos”. “Fui ajudado. Hoje sei o que é ter objetivos”, afirmou, acrescentando que nunca pensou ser “pessoa licenciada”, como é hoje, a trabalhar.  Todos os dias há uma ascensão de objetivos” e em cada dia afirma “obrigado por mais 24”.

Faith’s Night Out nasceu em 2013 por iniciativa das Equipas Jovens de Nossa Senhora para, numa metodologia inspirada nas “Ted Talks”, oradores partilharem o seu testemunho sobre uma temática; os encontros começaram em Lisboa e, em 2018, decorreu a primeira edição do FNO no Porto e em São Paulo, no Brasil, e no ano seguinte estreou em Évora.

Foto Agência ECCLESIA/PR

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