FNO 2025: Paulo Portas alertou para o perigo de «verdades alternativas» e pediu «um certo cuidado com o algoritmo»

Comentador partilhou com 1500 participantes uma das oito experiências que responderam à pergunta «Para que serve a tua vida?»

Lisboa, 22 fev 2025 (Ecclesia) – O comentador Paulo Portas alertou na edição 2025 do ‘Faith’s Night Out’ (FNO) para o perigo da “verdade alternativa” e pediu “um certo cuidado com o algoritmo”.

“Guardem uma serena distância de plataformas digitais. Não dispensem o esforço para chegar ao conhecimento, para olhar mais perto a verdade e não deixem que o algoritmo vos domine”, afirmou o antigo governante.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Paulo Portas disse que “o algoritmo não é uma criação de Deus”, mas uma “criação humana, que pretende multiplicar péssimos instintos” e só contribui “para a confusão em que o mundo está”.

Numa comunicação que quis responder à pergunta “Para que serve a tua vida senão para a verdade?”, o comentador político disse que treme quando vê juntas as palavras “verdade” e “alternativa”.

“A verdade dá trabalho. As verdades alternativas não incitam ao esforço e ao trabalho, incitam à preguiça”, afirmou, acrescentando que “atuam sobre os nossos instintos e não sobre a nossa fé, que desumanizam, nem sobre a nossa razão, que desequilibram”.

As verdades alternativas diluem a capacidade que cada um de nós tem para distinguir o que é verdadeiro e o que é falso. E, quem não é capaz de distinguir o que é verdadeiro e o que é falso, não saberá qual é o caminho do bem e o caminho do mal e voltamos a ter uma enorme probabilidade de nos enganarmos e de ser enganados”, sublinhou.

Na edição de 2025 do FNO, oito comunicações de 10 minutos responderam à pergunta “Para que serve a tua vida?, num encontro que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa e reuniu 1500 participantes.

Foto Agência ECCLESIA/PR

D. Alexandre Palma disse que gostaria de “decrescer”, “voltar a ser criança”, não “como quem tem saudades de uma era que passou, mas de quem tem a intuição de que ser criança é a melhor forma de se ser adulto”.

O bispo auxiliar de Lisboa lembrou que as crianças mostram que “não há nenhum problema em ser vulnerável”, que “é possível acreditar no impossível”, “não é preciso usar máscaras”, valorizam a curiosidade e mostram que “há uma dimensão lúdica de estar vivo”.

Maria João Avillez desafiou os presentes, à semelhança de São Paulo, a “combater o bom combate”, o que significa “entrar em pista”, “ir andando até à consciências tranquila”, “levantar-se”, “ser capaz”.

A jornalista alertou para a possível circunstância de “remar sozinho contra a direção dos ventos, o peso dos tempos, o equívoco balanço das ondas”,  a “solidão de um gesto impopular”, uma “postura fora do que é suposto dizer-se ou fazer-se”, fora das “várias bolhas” e promovendo a “ética do desacordo”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

Na apresentação do tema “Para que serve a tua vida senão para anunciar algo maior?”, a conferencista sublinhou a necessidade de “desafinar, destoar, desconstruir”, mesmo diante do “auge da solidão” ou do “pico da troça desprezível dos outros” e sempre tendo por horizonte a esperança.

“Neste ano de 2025, ter esperança é obrigatório. Nenhum bom combate dispensaria a esperança”, concluiu.

Isabel Xavier, da Associação o Ninho, testemunhou no auditório a entrega da sua vida a ajudar quem passa pela prostituição e deixou a certeza de que é possível “um mundo sem prostituição”.

“É verdadeiramente possível transformar o mundo e eu quero um mundo onde a minha filha e a filha de ninguém precise da prostituição”, afirmou.

Miguel Sepúlveda, maestro, apresentou o ideal do belo, traduzido na santidade para o cristão, lembrando que as coisas “particulares” em relação a uma profissão ou a uma arte acabam por desaparecer e que “só ganham sentido quando são vividas com olhar posto no infinito, com o olhar posto em Deus”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

“Para que serve a tua vida senão para a paz?”

Pedro Gil e Khalid Jamal partilharam com os 1500 participantes o desafio do diálogo inter-religioso, lembrando que o diálogo é “entre crentes”, que acreditam em Deus, e que o objetivo “não é chegar a um consenso, mas a uma compreensão mútua”.

Numa comunicação sobre o tema “Para que serve a tua vida senão para a paz?”, Pedro Gil, católico, e Khalid Jamal, islâmico, apontaram pistas para que o diálogo inter-religioso aconteça, nomeadamente “aceitar que há temas difíceis e diferenças reais”, saber que “a verdade deve ser dita com delicadeza”, promover a “estima recíproca”

“Se entramos num diálogo escondendo o que acreditamos, estamos a fazer teatro e a perder tempo”, afirmaram, apontando para a necessidade de “falar uma linguagem que o outro entenda”

“Podemos sempre respeitarmo-nos. É bom aproximar ideias, mas o melhor é aproximar pessoas”, acrescentaram.

Entre os oito comunicações, os participantes ouviram também António Brandão de Vasconcelos, que trabalha em estratégia na área da saúde, e a experiência familiar de Mafalda e Nuno Frazão, feita de projetos de voluntariado e de acompanhamento espiritual.

O ‘Faith’s Night Out’ acontece também no Porto, em Évora e já existe em São Paulo, Brasil.

PR

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