Fixar o nosso olhar em Maria

D. António Luciano, Diocese de Viseu

Foto: Diocese de Viseu

Chegou o mês de maio, o “Mês de Maria”, dedicado ao culto dirigido à Mãe de Jesus, centrado numa espiritualidade mariana, que tem na oração do terço expressão muito viva na fé do povo cristão.

A celebração da oração diária do terço congrega muitos fiéis durante o mês de maio na Igreja paroquial, num santuário, numa igreja, capela, hospital, lar de idosos e noutros espaços, animado com cânticos e reflexões sobre a vida de Nossa Senhora.

O terço é uma forma de oração simples, que precede ou acompanha a oração contemplativa do Espírito Santo. O terço é a oração das crianças, das mulheres simples, dos idosos, dos pastores e dos jovens, dos missionários e dos doentes, que na sua pobreza e pequenez se abandonam nas mãos de Maria e confiam na sua intercessão: “Rogai por nós pecadores”.

O mês dedicado a Maria é por si expressivo de um culto mariano, que é transversal à vida da Igreja. A recitação do terço pedido por Nossa Senhora aos pastorinhos em Fátima: “rezai o terço todos os dias” é uma oportunidade para os cristãos entrarem de um modo simples na vida e na escola de Maria. É um meio concreto para viver a vida do coração dilacerado que diante de Deus se sente pobre e pecador.

O Rosário é uma oração excelente, que na sua simplicidade pode ser rezado por todos e em qualquer lugar e situação de vida. “Por sua natureza, a recitação do Rosário exige um ritmo tranquilo, um certo vagar para pensar, de modo a favorecer os mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d´Aquela que mais de perto esteve em contacto com Ele, e assim abrir acesso às suas insondáveis riquezas” (Paulo VI, Marialis Cultus, n. 47).

Muitos foram os santos e os Papas que nos convidaram e incentivaram a rezar o terço em cada dia, para assim crescermos no verdadeiro amor e devoção à Mãe de Jesus. São João Paulo II, um Papa profundamente mariano, cujo lema era “Totus Tuus”, “Todo de Maria”, não se cansava de repetir aos jovens que “o terço era a sua oração predileta”.

“O Rosário tem uma oração profundamente cristológica. Com efeito, o seu elemento mais característico – a repetição litânica da Avé Maria – torna-se também louvor incessante a Cristo, objeto último do anúncio do Anjo, e da saudação da mãe de João Batista: “Bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Mais ainda a repetição da Avé Maria constitui a urdidura sobre a qual se desenrola a contemplação dos mistérios: o Jesus de cada Avé Maria é o mesmo que a sucessão dos mistérios nos apresenta de cada vez, como Filho de Deus e da Virgem Santíssima, nascido numa gruta em Belém, apresentado no Templo por Sua Mãe, adolescente cheio de zelo pelas coisas de Seu Pai; depois Redentor agonizante no horto, flagelado e coroado de espinhos, a carregar a cruz e a morrer no Calvário; por fim ressuscitado da morte e subindo à glória do Pai, para efundir o dom do Espírito Santo” (Marialis Cultus, n. 46).

São João Paulo II no Ano do Rosário propôs à Igreja o elenco dos mistérios luminosos que nos levam a contemplar os mistérios da vida de Jesus desde o Batismo no Rio Jordão, à celebração das Bodas de Caná, ao anúncio do Reino de Deus, à Transfiguração no Monte Tabor até ao mistério do dom do Sacerdócio e a Instituição da Eucaristia.

Com todo este incentivo doutrinal rezar o terço é uma maneira de com os sentimentos de Maria contemplar Cristo para com Ele nos unirmos no amor; isto dispõe-nos o coração para vivermos em anamnese da liturgia, onde encontramos estes mesmos mistérios da vida de Cristo, a fim de nos unirmos a Ele na Sua realidade sacramental.

O terço pode ser uma esplêndida preparação para a celebração litúrgica, e tornar-se um ótimo prolongamento dela.

Convido os pastores, os consagrados e os fiéis leigos a valorizarmos a oração mariana do terço nas nossas comunidades para que aprendamos a verdadeira linguagem do coração: “Se dizeis “Maria”, Ela diz “Jesus”.

O primeiro Domingo de Maio é dedicado ao “Dia da Mãe”, vivamos com alegria este dia refletindo em comunidade sobre o dom da maternidade.

Contemplemos sob o olhar da Mãe de Jesus as nossas mães e rezemos por elas para que sejam fiéis à sua missão de mães, mestras, educadoras e cuidadoras da vida dos seus filhos, conduzindo-os sempre pelos caminhos do amor e da esperança.

Sejamos filhos na gratidão e na presença junto das nossas mães, rezemos por elas e confiemos a sua vida à proteção de Nossa Senhora.

Rezemos por todas as mães falecidas para que junto de Deus continuem a interceder por nós seus filhos.

Peçamos a Nossa Senhora Mãe de Jesus e modelo de todas as mães para que cuide de nós nos diversos caminhos da vida. Confio à Mãe de Jesus, todas as mães particularmente aquelas, que experimentam a dor, a separação, a provação, o abandono, ou outras experiências de sofrimento físico, moral e espiritual.

 

António Luciano, Bispo de Viseu

 

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