Finanças: «Banco» do Vaticano quer mudar imagem

Funcionários e 19 mil clientes do Instituto para as Obras de Religião são sujeitos a «tolerância zero» quanto a atividades de lavagem de dinheiro

Cidade do Vaticano, 04 jun 2013 (Ecclesia) – O presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), Ernst von Freyberg, quer que o chamado “Banco do Vaticano” mude de reputação junto da opinião pública e reafirmou “tolerância zero” quanto a ilícitos financeiros.

“Temos uma política de tolerância zero em relação a clientes e funcionários envolvidos em atividades de lavagem de dinheiro”, disse o novo líder da instituição, em entrevista à Rádio Vaticano, duas semanas depois de ter anunciado que o IOR vai abrir uma página na internet para publicar, entre outras, o seu relatório anual de atividades.

Ernst von Freyberg afirma a necessidade de manter o Instituto em funcionamento por causa dos seus 19 mil clientes que ali optaram por depositar o seu dinheiro e para prestar um “bom serviço” ao Papa.

“Com a nossa reputação atual, nós não prestamos um bom serviço ao Santo Padre e esta imagem desfigura a sua mensagem. Esta é a que considero a primeira e mais importante tarefa a executar”, adianta o presidente do Conselho de Supervisão do IOR, nomeado em fevereiro deste ano.

Segundo o responsável, 112 pessoas trabalham atualmente na instituição e a maior parte dos 19 mil clientes são “religiosas ou clérigos, que conhecem os funcionários do IOR há 20 ou 30 anos”.

O Instituto vai recorrer à assessoria de uma nova sociedade internacional de certificação para verificar o pleno respeito pelas normas internacionais para a luta contra o branqueamento de capitais.

“A nossa principal preocupação é a reputação do Instituto. O nosso trabalho, ou melhor, o meu trabalho, é muito mais de comunicação do que inicialmente pensava”, confessa von Freyberg.

O presidente defende a necessidade de o IOR se comportar como qualquer outra instituição financeira e refere que serão feitos controlos contínuos nas cerca de 19 mil contas correntes do Instituto.

“A transparência é a chave, mas não só, é importante o nosso objetivo final, quando já se é transparente: ser completamente limpos, o necessário para ser aceites no sistema financeiro internacional”, precisa.

Segundo o responsável, o IOR, criado em 1942, faz exclusivamente duas coisas: “Recebe depósitos dos seus clientes e salvaguarda-os”.

“Não somos um banco. Nós não emprestamos dinheiro, não fazemos investimentos diretos, não agimos como uma contrapartida financeira”, sublinha.

Ernst von Freyberg sublinha que o IOR “nunca” teve problemas durante a crise financeira, pelo que considera que esta é uma instituição segura.

“O meu sonho é muito claro: que nossa reputação seja tal que as pessoas não pensem em nós quando se fale do Vaticano, mas que ouçam apenas aquilo que diz o Papa”, conclui.

OC

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Agência ECCLESIA

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