Arcebispo considera “causa do ano” inauguração da nova Casa Sacerdotal «Vejamos, com serenidade, o acolhimento das crianças e, este ano dum modo particular, fujamos ao hipotético despesismo e ousemos partilhar». Este é o apelo do Arcebispo de Braga para a Quaresma de 2004, que ontem teve início. Na mensagem, ontem à noite lida na Sé Catedral após o rito da imposição das cinzas, D. Jorge Ortiga anuncia quais são as finalidades da Renúncia Quaresmal, indicando também as razões do contributo penitencial, como também é chamada a esmola dada pelos fiéis durante a Quaresma, e a sua aplicação no pagamento da nova Casa Sacerdotal e de uma igreja na ilha de Bolama (Guiné-Bissau). Este pedido está impresso nos cinquenta mil folhetos que podem ser requisitados gratuitamente pelos párocos, nos Serviços Centrais da Arquidiocese, para serem distribuídos nas mais de quinhentas comunidades paroquiais. «A Arquidiocese de Braga, na área das Casas Sacerdotais — diz D. Jorge Ortiga —, já efectuou um percurso. Trata-se, agora, de dar consistência, dum modo estável, a este projecto que é sinal do amor e carinho que dedicamos aos sacerdotes». O novo edifício, que deverá ser inaugurado dia 22 de Outubro — data da festa de São Martinho de Dume, já declarado o padroeiro desta Casa Sacerdotal —, está a ser construído entre o Paço Episcopal e o Seminário Menor de Braga. Em fins de Janeiro, já estava pago 43,75 por cento do custo total da obra: cerca de quatro milhões e setecentos e vinte mil euros. Mas o Instituto Diocesano de Apoio ao Clero (IDAC) recebeu apenas 27 por cento daquela importância. Tal é possível, porque foi requisitado num banco uma conta caucionada no valor de um milhão e meio de euros, «para satisfazer, em tempo exigido, os pagamentos» — informou então o cónego Tinoco nas reuniões arciprestais do clero. «O andamento das obras e o desejo de as concluirmos durante este ano exigem um esforço complementar. A ajuda generosa de todos — individualmente ou como empresas, comunidades religiosas, Movimentos, Confrarias, Instituições — é a certeza de construirmos um monumento que marcará para sempre o espírito eclesial e sacerdotal dos nossos cristãos e comunidades» — afirmou ontem o Arcebispo Primaz. «É a causa do ano», considera, reafirmando o que disse na Missa de Ano Novo, quando apontou a inauguração deste edifício e a beatificação de Alexandrina de Balasar como dois dos acontecimentos marcantes de 2004 ao nível da Arquidiocese de Braga. A outra parte da Renúncia Quaresmal, explicou ontem à noite o Arcebispo de Braga, será enviada para a diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau. Para «uma pequena ilha, com uma população de maioria cristã, que espera por uma igreja para depois poder edificar uma residência paroquial e um salão para actividades», afirmou D. Jorge Ortiga, segundo o qual «a responsabilidade dos portugueses pelos povos com os quais tecemos uma história comum, continua imperiosa». Sendo a Quaresma uma «verdadeira provocação aos cristãos e às comunidades», diz também D. Jorge Ortiga na mensagem ontem divulgada, acaba por ser uma boa ocasião para reconhecer as «assimetrias existentes» e assumir «comportamentos novos». Por exemplo, «renunciar, conscientemente, para partilhar com causas com as quais nos identificamos». «Todos gritamos a situação económico-financeira verdadeiramente dramática de muitas famílias. Ao mesmo tempo — constata D. Jorge na mensagem —, uma análise sumária dos comportamentos quotidianos testemunha o uso e o abuso de coisas absolutamente desnecessárias». «O consumo inadvertido pode gerar uma progressiva frustração e gerar uma permanente insatisfação» — alerta.