Filosofia como combate ao fundamentalismo

A filosofia pode ser um bom meio para contrariar o fundamentalismo islâmico. Esta é a tese defendida pelo Pe. Franz Magnis-Suseno sj, docente de Filosofia na Universidade Católica de Jacarta, que afirma que se os fiéis e os intelectuais muçulmanos são envolvidos no debate filosófico, “isso ajuda-os a considerar o islão a partir de um diferente ponto de vista”, manifestou em um discurso na sede da associação católica internacional “Ajuda à Igreja que Sofre”. Magnis-Suseno notou que inúmeros muçulmanos, que estudam filosofia, história e matérias humanísticas, são orientados a um horizonte cognitivo e especulativo muito mais amplo, enquanto, muitas vezes, os fundamentalistas estudam mais ciências naturais. “Necessitamos de filósofos”, disse. Por isso, condenou o facto de que nas universidades ocidentais se afirmar a tendência de cortar os fundos destinados aos estudos da área de humanas, advertindo que isso poderia contribuir para reforçar o fundamentalismo islâmico no Ocidente. Em relação ao contexto indiano, o religioso notou que na Indonésia, as universidades islâmicas ensinam uma doutrina islâmica bastante aberta e tolerante, e incluem o ensino de matérias como hermenêutica e teologia, muito influenciadas pelo pensamento ocidental. Ao contrário, os fundamentalistas tendem a frequentar universidades públicas, e vêem nas novas linhas de interpretação do Corão uma “tentativa dos cristãos” de vencer o Islão. O religioso re-propôs o caminho do diálogo inter-religioso a nível espiritual, intelectual e material, para o bem da Indonésia. “Se trabalharmos juntos, poderemos resolver todos os problemas do país”, acrescentando que a cooperação deveria envolver todos os campos da sociedade, como por exemplo, a luta à corrupção, a instituição de um estado de direito e de uma justa ordem económica, num país no qual metade da população vive com menos de dois dólares por dia. É importante, instaurar boas relações com os fiéis e com os líderes muçulmanos, num processo de conhecimento recíproco que gere confiança, recordando que, como afirmou uma vez um líder muçulmano, “a arma secreta dos cristãos é o amor”. Redacção/Fides

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