Discurso do chefe de Estado contra a Igreja tem indignado a maioria cristã presente naquele país asiático
Cidade do Vaticano, 06 dez 2018 (Ecclesia) – Os bispos católicos nas Filipinas frisam que não vão alimentar qualquer tipo de polémicas, no que toca às críticas públicas que o presidente daquele país, Rodrigo Duterte, tem feito à Igreja e aos membros do clero.
Numa curta declaração, publicada hoje pelo portal Asian News, o responsável pela comunicação do episcopado filipino, irmão Jerome Seciliano, realçou a importância de “não inflamar mais” uma questão que já está demasiado “incendiada”.
“Qualquer comentário irá apenas chamar mais atenção para esta matéria”, referiu aquele porta-voz.
Recorde-se que em causa está a nação mais católica da Ásia, com uma comunidade constituída por mais de 83 milhões de pessoas, e onde os cristãos representam 90 por cento da população.
Desde que chegou ao poder, em junho de 2016, Rodrigo Duterte tem tecido várias críticas à hierarquia da Igreja Católica nas Filipinas.
O último caso aconteceu durante uma cerimónia de eleição do Melhor Trabalhador Filipino no Estrangeiro.
No seu discurso, Rodrigo Duterte disse que “a Igreja Católica é uma das instituições mais hipócritas da sociedade”, classificou de “inúteis” os líderes católicos que têm apontado falhas ao seu executivo e desejou mesmo a “morte” de todos os bispos católicos do país.
Aquele responsável político acusou ainda a maioria dos sacerdotes de serem “homossexuais” e por isso desprovidos de “moralidade”.
As posições públicas de Rodrigo Duterte têm causado a indignação da maioria das comunidades filipinas, já que elas atingem não só os católicos mas também as outras religiões presentes naquele país asiático.
Em vez de responderem às declarações do chefe de Estado filipino, os bispos católicos têm optado por “apelar ao Estado para que trabalhe em conjunto com a Igreja Católica em ordem ao desenvolvimento social e ao bem do país”.
Os membros do episcopado têm apontado vários erros à linha seguida pelo atual presidente filipino, a começar pela sua política de combate ao tráfico e consumo de droga, que já provocou pelo menos 5 mil mortos, e também a imposição da lei marcial no sul da Ilha de Mindanao.
JCP