Filhos de Abraão procuram caminhos de encontro

Fórum junta cristãos, judeus e muçulmanos contra a ignorância e o preconceito Nasceu ontem em Lisboa o Fórum Abraâmico, organização que congrega cristãos, judeus e muçulmanos com o objectivo de aprofundar os pontos de diálogo entre as três religiões. O Pe. Peter Stilwell, director da Faculdade de Teologia da UCP, explica ao programa ECCLESIA que a iniciativa quer “congregar as três tradições, para reflectir sobre as pontes que existem e os pontos em que, às vezes, há dificuldade”. “O objectivo não é só a reflexão interna, mas também comunicar à sociedade aquilo que são as riquezas de cada uma destas tradições”, assinalou este responsável, lamentando a “ignorância e o preconceito” com que muitas vezes é avaliada a prática religiosa. Essas atitudes podem ser, segundo o Pe. Stilwell, “motivo de tensão social”, em especial nas alturas de crise social. O Fórum tem como referência a figura bíblica de Abrãao (Génesis 17), Patriarca para os crentes das três religiões. A associação foi constituída por quatro responsáveis das diferentes comunidades: José Oulman Carp e Esther Mucznik, da Comunidade israelita de Lisboa; Abdool Vakil, da Comunidade islâmica de Lisboa e Peter Stilwell, da Igreja Católica. A associação lisboeta vem na linha do “Three Faith Forum”, da Inglaterra, que tem desenvolvido, há vários anos, várias actividades na área inter-religiosa. Abdool Vakil, a quem pertenceu a iniciativa de lançar o Fórum, assinala que o diálogo entre os fiéis “já existe”, mas está circunscrito, muitas vezes, “ao nível do topo”. Com esta iniciativa pretende-se descer a um nível mais geral de relação, dando atenção “a tudo aquilo que nos une”. A título de exemplo, Vakil lembra que Abraão, Moisés e Jesus têm grande importância no Islamismo. Segundo este responsável, é fundamental que a sociedade, em geral, se aperceba que as religiões não são o problemas, mas “podem ser a solução”, desde que as pessoas se conheçam. Esther Mucznik considera que a criação do Fórum é uma “data histórica”, tornada possível pelo diálogo e pela convivência já existentes. “Com esta iniciativa abrem-se possibilidades, não só de diálogo, mas de divulgação e de sensibilização”, assegura. Também esta responsável alerta para a necessidade de se combater a “ignorância”, que considera ser a base para “uma certa intolerância”. Para o Pe. Peter Stilwell, com o diálogo inter-religioso não se pretende “caminhar para uma mesma religião”, mas respeitar as diferenças “como irmãos com uma longa história”, que já teve episódios violentos, mas que todos gostariam que fosse agora de “reconciliação”.

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