Fiéis Defuntos: «Igreja deve estar próxima de quem vive o luto, com atenção e esperança», diz diácono Silvério Domingues

Responsável fala da experiência junto das famílias, na Diocese de Coimbra, em momentos de particular sensibilidade

Coimbra, 01 nov 2025 (Ecclesia) – O diácono Silvério Domingues, da Unidade Pastoral Coração do Sicó, Diocese de Coimbra, afirmou que o acompanhamento cristão do luto é “uma missão essencial da Igreja”, que deve estar “junto de quem sofre, com atenção, escuta e esperança”.

“Será sempre uma forma de estarmos junto das pessoas. Uma das principais missões que nós podemos ter é dentro da caridade, nesta proximidade com as pessoas, utilizando o pilar do Evangelho para levar às pessoas esta força que Cristo nos traz”, disse à Agência ECCLESIA.

Numa entrevista a respeito da comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (2 de novembro), o responsável destacou que a missão do diácono “passa também por esta vertente de proximidade às pessoas que vivem momentos delicados, nomeadamente a questão do luto”.

Silvério Domingues sublinhou que a Igreja é chamada a acompanhar não apenas os funerais, mas sobretudo quem permanece e enfrenta o vazio da perda.

“Há muitas vezes a ideia de que basta estarmos presentes no momento das exéquias e a missão está cumprida. Penso que há muito mais a fazer. A Igreja tem um desafio grande pela frente: perceber que tem de estar junto das pessoas que vivem esse momento de dor”, observou.

O diácono lembrou ainda o impacto da pandemia de Covid-19, que privou famílias e comunidades de poderem despedir-se dos seus entes queridos.

“Tivemos ali um período em que nem sequer podíamos estar junto de quem partia. Foi um momento de grande dureza”, recordou, apontando que várias comunidades criaram momentos simbólicos e celebrações comunitárias para recordar os que faleceram nesse tempo.

“O contacto pessoal é insubstituível”, insiste.

Em conversa com a Agência ECCLESIA, o diácono partilhou iniciativas anteriores de visitas às famílias enlutadas, realizadas por equipas da Pastoral Familiar.

“Uma semana, quinze dias, um mês depois do funeral, era contactada a pessoa mais próxima de quem partiu, para uma visita. Íamos para ouvir, para partilhar, para mostrar disponibilidade. As pessoas sentiam alegria em nos receber, por poderem conversar com alguém”, recordou.

A pandemia interrompeu essa prática, mas Silvério Deomingues reconhece que retomar a dinâmica e defende que a Igreja deve investir na criação de equipas dedicadas à pastoral do luto.

“É um desafio para o qual a Igreja deve olhar com preocupação séria e determinação. Acompanhar quem fica é essencial”, reforçou.

O responsável considera que a pastoral do luto deve oferecer não apenas palavras de consolo, mas presença humana e espiritual.

“O que eu valorizo é o contacto pessoal. As pessoas precisam de saber que há alguém que as pode ouvir. É este caminho de proximidade que temos de procurar”, precisou.

No contexto da celebração dos Fiéis Defuntos, Silvério Domingues sublinhou o valor da esperança cristã e da dimensão comunitária da fé.

“A esperança é que nos alimenta e dá-nos a garantia de que um dia seremos recebidos para a vida eterna junto do Pai. Mas vivemos em comunidade, e é num espírito de comunidade que temos de fazer caminho”, declarou.

“Não podemos viver de forma isolada. Precisamos uns dos outros para fortalecer a fé. É nesta dinâmica de comunidade e esperança que podemos crescer como cristãos”, concluiu.

A entrevista vai estar em destaque na emissão do Programa ECCLESIA, este domingo, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública.

OC

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