Fiéis Defuntos: Bispos pedem às autoridades que evitem encerramento de cemitérios (c/vídeo)

Conferência Episcopal convida a manter equilíbrio entre «imperativos de proteger a saúde pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos»

Foto: C. M. Porto

Fátima, 12 out 2020 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou hoje uma nota sobre a próxima comemoração dos Fiéis Defuntos (2 de novembro), pedindo às autoridades que evitem o encerramento de cemitérios, em dias “intensamente sentidos pela piedade dos fiéis católicos”.

“É certo que não depende da Igreja a gestão da grande maioria dos cemitérios nacionais. Confiamos, porém, que as autarquias e entidades que os tutelam saberão interpretar as exigências do bem comum encontrando um justo, mas difícil equilíbrio entre os imperativos de proteger a saúde pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos”, indica o documento do Conselho Permanente da CEP, intitulado ‘Avivar a chama da esperança’.

O texto foi apresentado aos jornalistas no final da reunião mensal deste organismo, em Fátima, pelo secretário da CEP, padre Manuel Barbosa.

Os bispos admitem que, dado o estado atual da pandemia, “é sensato que se imponham medidas suplementares de proteção”, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e o controlo do número de visitantes, mas consideram que “não seria apropriado o encerramento completo dos cemitérios”.

A CEP sublinha que a solenidade de Todos os Santos (1 de novembro), feriado nacional, e a comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (2 de novembro) são marcados por “uma romagem de fé e esperança aos cemitérios”.

A nota destaca que “não se adoece apenas de COVID-19”, para referir que “a impossibilidade de exprimir de forma sensível e concreta saudades e afetos também é causa de sofrimento e de doença”.

Os bispos católicos pedem que os decisores políticos tenham em consideração que a emergência sanitária dura desde março.

“Muitas famílias enlutadas neste período nem sequer puderam acompanhar adequadamente os seus entes queridos em exéquias muitas vezes celebradas, como diz o Papa Francisco, de um modo que fere a alma”, assinala a CEP.

Projetando as celebrações do início de novembro, os responsáveis católicos sublinham a necessidade de cumprir as regras já estabelecidas e aumentar a oferta, sobretudo no dia 2 de novembro, “em horários que sejam mais convenientes à comunidade”.

Para diminuir ocasiões de maior aglomeração de pessoas, recomendamos aos párocos que considerem nestes dias, em coordenação com as autoridades locais, a possibilidade de celebrar a Eucaristia nos cemitérios”.

O padre Manuel Barbosa explicou aos jornalistas que as indicações serão concretizadas no diálogo entre cada diocese e as autoridades locais, de acordo com as “condições se segurança”.

O responsável sublinhou que algumas autarquias já decidiram pelo encerramento dos cemitérios.

“Nós apelamos a que não haja esse encerramento, mas haja cuidado, mesmo estando abertos, quanto ao número máximo de pessoas”, reforçou o porta-voz da CEP.

Quanto às romagens que é costume realizar nos cemitérios em sufrágio dos Fiéis Defuntos, os bispos sugerem que se façam “com acompanhamento mínimo, respeitando sempre as normas de segurança e de saúde”.

No dia 14 de novembro, às 11h00, na Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima, a Conferência Episcopal vai celebrar uma Eucaristia de sufrágio pelas vítimas da pandemia em Portugal.

Questionado sobre as eventuais limitações à celebração do Natal, o porta-voz da CEP disse que o atual momento de pandemia se deve viver “com ousadia, esperança”, sem deixar de parte “cautela, todo o cuidado”.

“Seguiremos as orientações que forem dadas, naturalmente”, acrescentou o padre Manuel Barbosa.

PR/OC

 

A ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’ remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de Cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos “desde o princípio até ao fim do mundo”.

 

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Agência ECCLESIA

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