Fiéis Defuntos: Bispo do Funchal sublinha que a fé mostra que «nem tudo» se perde

D. Nuno Brás presidiu à Missa no Cemitério de São Martinho

Foto: Jornal da Madeira

Funchal, Madeira, 02 nov 2021 (Ecclesia) – O bispo do Funchal disse hoje que a “morte parece uma derrota, o fim de tudo” mas a fé indica “o contrário”, destacando a importância dos sacramentos, a finalidade com que se vive, na celebração dos Fiéis Defuntos.

“[A fé] Diz-nos que nem tudo perdemos, e diz-nos ainda que a nossa comunidade de vida não é apenas com aqueles que connosco partilham deste mundo, mas também com todos os que vivem em Cristo”, explicou D. Nuno Brás, na homilia da Missa a que presidiu no cemitério de São Martinho, Funchal.

Na comemoração litúrgica dos fiéis defuntos, o bispo diocesano observou que a morte “parece uma derrota, o fim de tudo”, o fim da vida humana e da “comunhão com aqueles que morreram”.

D. Nuno Brás assinalou que as pessoas não serão capazes de levar o dinheiro, as casas, os carros, “o poder e tudo o mais que pertence a este mundo”, mas o modo como o fazem, a finalidade com que vivem e “o amor” em que existem vai acompanhá-las.

“Vai-nos transformando, vai abrindo (ou não) o nosso coração ao acolhimento à vida divina. Vai preparando os nossos olhos para a visão de Deus. O modo como vivemos esta nossa vida (que o próprio Deus nos oferece) constitui uma boa parte desse tesouro próprio do céu”, desenvolveu, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

O bispo do Funchal acrescentou que desse tesouro também faz parte o modo como cada um olha, vive, serve e ajuda o próximo, que “é o grande tesouro” que se pode levar.

“O cuidado do outro, sobretudo do mais fraco, do mais frágil; a ajuda desinteressada àquele que necessita; a palavra que damos e que ajuda o nosso próximo a ser mais; o testemunho da fé que o ajuda a dar sentido à sua existência”, referiu.

d. Nuno Brás salientou que a fé convida a “ir ainda mais longe” porque fala de um “acontecimento singular”, nomeadamente daquele em que “o próprio Deus entrou na história”, e partilhou esta “vida frágil e passageira”.

“Os sacramentos são esses grandes momentos de eternidade que vivemos e que são a grande riqueza da Igreja; São, todos eles, esses momentos em que a eternidade de Deus toca o nosso tempo e a nossa fragilidade, para a transformar, a converter em vida eterna”, afirmou.

A Eucaristia, disse o bispo do Funchal, é, “de um modo muito especial”, um desses momentos em que “o céu toca a terra, a eternidade toca o tempo e lhe dá um novo sentido”: “A Eucaristia une-nos a Deus. A Eucaristia faz-nos um com Cristo e em Cristo”.

Segundo D. Nuno Brás, em cada celebração da Eucaristia, não se encontram “apenas os irmãos que caminham nesta terra e vivem aqui a realidade da Igreja” mas também os santos, “que ajudam a louvar a Deus e intercedem”, e todos os que “já partiram e que são familiares, amigos, conhecidos, ou, simplesmente, partilharam a vida da fé”.

A ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, celebrada no dia 2 de novembro, remonta ao final do primeiro milénio: Foi o Abade de Cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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