Fez-se Natal mais cedo com o ICNE

Em plena tarde de Outono desci uma das colinas de Lisboa em direcção ao centro da metrópole. As folhas caducas que as árvores libertavam, juntamente com as gotas vindas do «alto», previam um boa sementeira. Um caminho observador… misturado com a miscelânea de culturas e cores que Lisboa oferece. Numa das calçadas parei junto a uma Igreja e vi um cartaz publicitário que anunciava que “Cristo está vivo”. Questionei-me e fui à procura desta novidade. Desci aquela ruela empedrada e recordei-me da Lisboa que partiu para outras paragens continentais. Ao longe via o Tejo e junto a mim sintomas desta «aldeia global» misturados num ambiente da aldeia mais típica portuguesa: taberna, mercearia e pessoas a conversar na rua. O rio corria em direcção ao Atlântico e lá longe ouvia, muito fugazmente, “Grita comigo porque Cristo está contigo”. Lembrei-me das palavras que vi na fachada da Igreja e continuei a minha caminhada. A chuva continuava… e a minha foz era o Largo de S. Domingos, centro nevrálgico da cidade de Lisboa. Olhei e parei estupefacto durante uns instantes… Recordei-me da mensagem – “Cristo está vivo” – e vi um jovem missionário a falar com um sem abrigo estendido no chão. O meu olhar «inquisidor» focou também um grupo de pessoas – um pouco afastadas – atentas à música anunciadora. No largo estava um transeunte que gritava: “o mundo é hipócrita”. Aproximei-me e ouvi um jovem missionário a explicar, calmamente, que a culpa era dos homens porque “a mensagem de Jesus Cristo é o amor”. Mais uns passos para a frente e entrei na Igreja de S. Domingos. Estava composta com congressistas do ICNE. Apesar da diminuta luminosidade, os cachecóis e os dísticos identificava-os. Vozes melodiosas entoavam cânticos litúrgicos para a luz central: Exposição do Santíssimo. Nas naves laterais, olhares embevecidos penetravam os quadros – a preto e branco – que convidavam à contemplação. Silêncio no interior e ruído anunciador cá fora. Voltei para o exterior… Como é um Congresso Internacional para a Nova Evangelização, Lisboa também recebe testemunhos de várias metrópoles europeias. Naquele momento, a língua francesa dominava. “Aleluia” era palavra dominante saída do sorriso daqueles jovens semeadores. A chuva incomodativa não desafinava as vozes e os passos dançantes daquela juventude. Bem perto de mim, um «grupo de pescadores» lançava as redes no mar alto. A traineira não tinha bombordo nem estibordo mas somente canas de pesca, estilo S. Pedro. Tocam-me nas costas e abordam-me: “não quer pescar a mensagem que Cristo tem para si?”. Resposta repentina: “Estou a ver os métodos e o isco utilizado”. Mais passo, menos passo e fico a pensar na abordagem. “Deveria tentar” – pensei com os meus botões. Tal como eu, muitos dos passageiros daquela calçada portuguesa pensavam assim. Coloquei de lado o gelo emocional e peguei na «arma piscatória». Como recompensa tive um peixe das profundezas: “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, ajuda permanente nos momentos de angústia” (Salmo 46, 2). Nova abordagem do missionário de rua: “gostou?” Respondi-lhe secamente: “Gostei”. Nova pergunta missionária: “Sabe o que está a acontecer em Lisboa?” Disse-lhe prontamente: “o Congresso Internacional da Nova Evangelização, de 5 a 13 deste mês”. Percebeu que eu estava a par do encontro… Recuei um pouco e olhei para um stand que estava ao lado e me apelava: “queres conversar tens aqui um amigo”. Sou um desconhecido e convidam-me para a pesca e para conversar com um amigo. Neste mundo onde todos duvidam de tudo e de todos senti-me importante. Entrei e um jovem com pronuncia brasileira disse-me: “vou buscar um amigo pra você.” “Não é necessário” – afirmei. Com olhar atento vi um ícone eucarístico, iluminado com uma vela, e duas cadeiras laterais que esperavam dois dedos de conversa. No centro da sala estava um “Cristo multicolor” que sobressaía e centenas de pessoas a segui-Lo. Cá fora, a chuva caia intensamente. Fixei o olhar no missionário que me convidou para o jogo da pesca. Ele falava com um potencial pescador. Palavra puxa palavra e vejo-os a entrar para a Igreja de S. Domingos. Pensei: “a pesca foi boa. Agora foram para o banquete”. A noite aproximava-se. As luzes natalícias acendiam-se e anunciavam que o Natal estava próximo. Para alguns fez-se Natal mais cedo com este congresso porque Ele nasceu e renasceu nos corações da cidade de Lisboa.

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