Festas dos povos promovem integração

Dioceses portuguesas querem acolher imigrantes. Bispo de Angra afirma que imigração é «oportunidade de progresso» A Festa dos Povos pretende congregar os imigrantes dispersos manifestando a presença da Igreja como auxílio na integração e respeito pelos valores culturais. Este é o grande objectivo desta iniciativa que todos os anos decorre de Norte a Sul do país, ao ritmo diocesano.

Algumas dioceses optaram já por realizar esta festa no início no ano, mas a maioria reserva a altura do Pentecostes para a celebrara junto dos imigrantes que escolhem Portugal para viver a sua vida.

Segundo explica o bispo de Angra, D. António Sousa Braga, o Pentecostes é a altura propicia porque mostra a diversidade que o "espírito santo" lança sobre os povos, mas que dá origem a uma linguagem comum de povo de Deus. A organização desta festa multicultural quer expressar precisamente a diferença e a unidade dos povos.

Festas locais

Este fim-de-semana várias são as Igrejas locais que juntam os seus imigrantes. Na diocese de Beja, D. António Vitalino, bispos diocesano, celebra eucaristia na Sé, dando início à celebração multicultural. A organização promete uma tarde com actividades culturais. Para o final, está marcada a oração das vésperas na Igreja da Sé, seguida de procissão com as relíquias de Santa Margarida Alacoque até ao Carmelo do Sagrado Coração de Jesus.

Mais a Norte, em Leiria, a festa dos povos começa com uma celebração Inter-Religiosa na Igreja do Espírito Santo. A organização, a cargo do Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes e da AMIGrante, preparam um espectáculo intercultural com músicas e danças do mundo, "tendinhas" de artesanato, arte plástica e gastronomia no pátio do Mercado Santana.

Já no passado fim-de-semana, Évora e Lisboa juntaram os seus imigrantes.

A diocese alentejana explica que esta é já uma tradição", organizada em parceria entre o Secretariado Diocesano das Migrações e Turismo da Arquidiocese e a Cáritas Diocesana. "Esta é uma iniciativa que pretende congregar os imigrantes dispersos pela diocese manifestando a presença da Igreja no seu caminho e o contributo para a sua verdadeira integração no respeito pelos seus valores culturais".

Também Lisboa, celebrou o Jubileu dos Imigrantes promovido pelo Sector da Pastoral da Mobilidade Humana e contou a com celebração presidida por D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, sob o tema «A fé não tem fronteiras».

À Agência ECCLESIA, o Pe. Delmar Barreiros, responsável por sector da Pastoral da Mobilidade Humana, afirma que a imigração não está a diminuir na proporção que a comunicação social veicula. "Trata-se mais de mobilidade do que de diminuição".

A diminuição "não é expressiva em nenhuma das comunidades". Em determinada altura "as condições económicas em Espanha, eram melhores. Ai deu-se um decréscimo, mas alguns querem voltar para Portugal", explica. Segundo este responsável, Portugal "continua a ter condições de acolhimento" muito bem visto entre a comunidade imigrante. "Em especial o acolhimento da Igreja, pronta nas alturas de maior dificuldades".

Aulas de português, defesa de direitos, emergência em situações de carência são apenas alguns exemplos citados.

Promover a integração

Perante a realidade dos imigrantes, D. António de Sousa Braga lembra que "não basta acolher. É preciso integrar" e esta atitude "depende dos imigrantes, mas também de quem os acolhe". O bispo de Angra pede uma "mentalidade positiva sobre as imigrações".

Fenómeno basilar da história da humanidade, a imigração "não deve ser vista como ameaça, mas como oportunidade de progresso material e de enriquecimento cultural para todas as partes envolvidas".

Consciente da situação de crise que "agrava a problemática das migrações", D. António aponta antes a criação de "novos desafios". O bispo de Angra pede o "duro combate ao individualismo e à atitude do «salve-se quem puder»", para se construir um "ambiente de diálogo sadio e de leal cooperação entre as nações de origem e de destino das migrações".

"No limiar de um novo paradigma de relacionamento e de convivência entre os povos e nações" dialogar não significa "abdicar da própria identidade", mas antes "abrir-se ao outro, acolher o diferente, reconhecer a riqueza da diversidade".

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top