Religiosidade e festa pagã encontram-se nas ruas para ver desfilar e cultivar a fé Começam hoje as festas da Senhora da Agonia, na cidade de Viana do Castelo. Com anos de tradição, o dia 20 de Agosto marca no calendário a devoção que os pescadores da cidade têm a Nossa Senhora. Nos dias de hoje a religiosidade mistura-se com a festa pagã, mas não esquece os seus traços seculares. Marcava o ano de 1744, quando se iniciaram as celebrações religiosas dedicadas à Nossa Senhora, instituído na Idade Média pelos Servítas para lembrar os momentos dolorosos da vida da Virgem Maria ante o sofrimento e morte do seu Filho. O tempo foi adicionando outras tradições. A figura do pescador de Viana do Castelo manifesta a sua crença e devoção a Nossa Senhora, pedindo a luz protectora e a condução pelo caminho seguro nos mares e nas tempestades. Nas costas da capela de Nossa Senhora, foi colocado um farol, referência e amparo para os pescadores que andavam no mar, entretanto desactivado. A tradição de não saírem barcos para trabalhar, essa mantém-se. As raparigas, em belos trajes tradicionais de Viana, continuam a desfilar pelas ruas da cidade em trajes domingueiros ou de trabalho. Os lenços de namorados bordados, são ainda um marco. O ouro que as raparigas exibiam, dando conta que estavam em idade de casar. Noutros tempos, grupos de romeiros percorriam os caminhos a pé e as mulheres com cestos à cabeça levavam os farnéis, ou os homens com o vinho a tiracolo chegavam à capela para rezar e depois fazer a festa. A etnografia tem o seu espaço nos desfiles do “Cortejo Etnográfico” e na “Festa do Traje”, onde se podem admirar os mais belos trajes de noiva, mordoma e lavradeira, vestidos por lindas minhotas que ostentam peitos repletos de autênticas obras de arte em ouro. Hoje continuam a chegar a Viana do Castelo muitos visitantes por esta altura para em adoração e devoção ou apenas para participar no culto pagão, se juntar às festividades. Homens, mulheres e crianças dirigem-se ao Santuário de Nossa Senhora da Agonia, situado junto ao porto do mar, para participar nas celebrações religiosas e tomar parte na procissão. A “Procissão ao Mar” e as ruas da Ribeira, enfeitadas com os tapetes floridos, são testemunhos da profunda devoção religiosa.