A comunidade do Gungo, em Angola, viveu neste domingo, 18 de Março, véspera da festa de S. José, seu padroeiro, um dia histórico e festivo ao ver-se elevada à categoria de Missão. O acto teve lugar na aldeia da Tuma durante a celebração da Eucaristia presidida pelo bispo da diocese, D. Benedito Roberto. Concelebraram nesta missa os padres David Nogueira, nomeado superior da Missão, Vítor Mira, coordenador do Grupo Missionário “Ondjoyetu”, e Celestino Monteiro, chanceler da Cúria Diocesana do Sumbe e que fez a leitura do decreto de elevação. Tomaram ainda parte as missionárias leigas Vera Pereira e Sónia Cruz, irmãs e catequistas representantes das comunidades da zona litoral da diocese do Sumbe, catequistas do Gungo e várias centenas de pessoas oriundas de todo este vasto território. A escolha da Tuma, aldeia da zona mais plana e por isso mais acessível, deveu-se ao facto de estarmos na época das “chuvas grandes” que neste momento tornaram literalmente impossível o acesso à zona montanhosa e mais distante onde se situa a Donga, sede da missão. A passagem de “Centro Missionário” a “Missão” era uma aspiração antiga deste povo. No entanto, a falta de missionários, e durante muitos anos também a guerra, fez com que a assistência à comunidade tenha sido até agora pouco regular. A tornar-se “Missão” o Gungo caminha para uma autonomia que depois de devidamente amadurecida o levará a tornar-se paróquia. Na homilia da missa a que presidiu, D. Benedito Roberto recordou que esta área teve os primeiros contactos com a fé cristã nos anos 30 do século XX. Lembrou alguns padres e irmãs – uns falecidos, outros ainda vivos – que trabalharam nesta comunidade e distinguiu de forma especial o papel dos catequistas que têm sido o fio condutor que permitiu à comunidade fazer a sua caminhada, apesar da muito entrecortada assistência de padres e irmãs que foi tendo. Ao confiar a condução desta comunidade ao P. David Nogueira Ferreira, padre diocesano de Leiria-Fátima que veio por três anos para Angola ao abrigo da geminação, o prelado diocesano valorizou o testemunho de fé destes missionários – padres e leigas – que souberam escutar o chamamento de Deus, deixar tudo na sua terra, para vir trabalhar numa das zonas mais isoladas e desfavorecidas da sua diocese. Evocou a figura de Abraão que, guiado pela fé, soube confiar em Deus e acreditar na sua palavra dando passos sem garantias de seguranças humanas. Recorde-se que a 25 de Março de 2006 foi assinado o protocolo de geminação entre as dioceses de Leiria-Fátima e Sumbe que prevê, entre outras coisas, a vinda desta equipa missionária que já está a trabalhar no Gungo desde Agosto de 2006. O Gungo é uma vasta área montanhosa de 2.100 km2 que tem mais de cem aldeias e é habitado por cerca de 25.000 pessoas. Por ali passou a dura guerra civil que desestruturou quase completamente a comunidade. Neste momento, a sua única via de acesso que já se encontrava em péssimo estado, tornou-se intransitável a veículos devido às fortes chuvadas que se têm abatido sobre a região. É ao lado deste povo pobre em bens materiais e cada vez mais isolado que está a trabalhar a nossa diocese na pessoa dos missionários que cá se encontram.