Festa do Corpo de Deus é convite à participação das famílias na Eucaristia

O Arcebispo de Braga disse ontem que as famílias cristãs necessitam de uma espiritualidade que parta «permanentemente» e conduza «sem desânimo» à Eucaristia, «que pode e deve ser preparada e vivida» em ambiente familiar. Falando na homilia da missa celebrada na Sé Catedral antes da procissão do Corpo de Deus, que foi encurtada por causa do mau tempo (chuva e trovoada), D. Jorge Ortiga disse ainda que esta festa eucarística, celebrada em todo o mundo católico, deve comprometer «num trabalho sério e responsável para que nada falte nas mesas das famílias». A participação na solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, e na Eucaristia celebrada todos os dias e especialmente no Domingo — afirmou também o Arcebispo Primaz —, implica «a responsabilidade de preservar e cuidar da natureza como algo sagrado a merecer toda a atenção e solicitude ». Por exemplo, contribuindo para a preservação das florestas a fim de que não haja tantos incêndios. Foram muitas as pessoas que ontem à tarde estiveram na Sé de Braga para tomar parte na celebração da missa da festa popularmente conhecida como “Corpo de Deus”, seguida da procissão com o Santíssimo Sacramento pelas ruas do centro histórico da cidade. Mas, ao contrário dos últimos anos nos quais houve muito calor na quinta- feira a seguir ao Domingo da Santíssima Trindade, este ano o cortejo eucarístico processou-se sem ritmo certo e até foi encurtado, pois o pálio não passou por todo o percurso previsto. Pouco passava das 18h30, nos altifalantes pedia-se que os fiéis caminhassem, cantando e rezando mas sem correr, o que não foi possível porque de repente começou a chover. Nessa altura, muitas das 63 paróquias do arciprestado de Braga já tinham terminado a procissão. O mesmo não aconteceu com os homens do pálio, que abrigava o Arcebispo e a custódia que transportava, que ainda estavam a subir a Rua do Souto, recebendo então ordens para voltar à Sé de Braga, onde, no interior, foi dada a bênção do Santíssimo Sacramento. Cerca de uma hora antes, o Arcebispo Primaz disse que «a Eucaristia é convocação de famílias para ser a família de Deus». Assim, «mandar os filhos à Eucaristia é uma obrigação», disse, acrescentando que quando os pais vão à igreja com os filhos, «em alegria e festa», revitaliza-se o mandamento da participação na Eucaristia dominical. No início da homilia, o Arcebispo Primaz salientou que «não pode haver família cristã sem amor à Eucaristia ». Seguiu-se o apelo aos pais e filhos para que participem nas celebrações eucarísticas precisamente como famílias — convite feito no dia em que muitas crianças comungaram pela primeira vez. «A Eucaristia é comunhão e congrega nesta certeza de que a assembleia dominical deverá ser família de famílias que aí testemunham a sua fé e encontram energias para a testemunharem », disse D. Jorge Ortiga. Para as famílias cristãs, acrescentou, implica «uma espiritualidade que parte, permanentemente, e conduz, sem desânimo, à Eucaristia, que pode e deve ser preparada e vivida em família ». Na sua homilia, o Arcebispo referiu-se ao significado e às consequências da participação e vivência da Eucaristia, e particularmente da festa eucarística ontem celebrada. «O Corpo de Deus – disse – deveria comprometer- nos num trabalho sério e responsável para que nada falte nas mesas das nossas famílias. Importa, porém, alargar horizontes e reconhecer que a Eucaristia é sempre o pão partido para todos. Em certo sentido, ela permanece incompleta se na comunidade falta o pão duma vida digna para alguns », afirmou D. Jorge Ortiga, apelando para que haja maior «atenção, doação e partilha», porque «há muita fome por detrás das portas dos nossos vizinhos e o fenómeno aumenta e aumentará». Dirigindo-se às centenas de pessoas congregadas na Sé de Braga, o Arcebispo Primaz disse ainda que a Palavra de Deus «deveria ser como um itinerário educativo e tornar-se referência nas conversas familiares », atendendo a que «todos necessitam deste encontro ». Mais: «Os filhos precisam deste diálogo». Por fim, D. Jorge Ortiga afirmou que a participação na Eucaristia deve também levar os cristãos «a olhar para a natureza como espaço criado por Deus». «Quem participa na Eucaristia assume a responsabilidade de preservar e cuidar da natureza como algo sagrado a merecer toda a atenção e solicitude», afirmou o Arcebispo de Braga, apontando como exemplo a preservação das florestas, «algo que é de todos e de cada um», para que não haja tantos incêndios. «Os incêndios, não olhando para as hipotéticas causas, denunciam algo de anormal e solicitam o envolvimento numa verdadeira causa comum. Lamentar o que aconteceu torna-se inútil, embora seja necessário individualizar as causas e solicitar responsabilidades se for o caso. Creio, porém, que tal só acontecerá se houver uma intervenção coral, ou seja, uma sociedade que em coro corresponsavelmente intervém para que o drama nunca aconteça. Teremos de dizer que basta e que muita coisa poderia ser evitada ou remediada. A Eucaristia obriga- nos a cuidar da mesa da natureza para que todos possam saborear o indispensável dum tesouro que pertence a todos», diz também D. Jorge Ortiga na homilia que preparou para a celebração de ontem.

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