Festa do Bodo em Sardoal

No próximo dia 11 de Maio – Domingo de Pentecostes realiza-se, na Vila de Sardoal, a Festa do Espírito Santo ou Festa do Bodo, uma das festas mais antigas desta região, cuja tradição foi retomada em 1995 pela Paróquia de S. Tiago e S. Mateus de Sardoal, com o apoio da Câmara Municipal, Junta de Freguesia e Santa Casa da Misericórdia de Sardoal e de outras Instituições e pessoas singulares. A Festa do Espírito Santo foi instituída em Portugal pela Rainha Santa Isabel, sendo provável que no Sardoal remonte a essa época, dada a circunstância de aquela Santa Soberana ter sido Donatária do Sardoal, a quem dedicou uma atenção especial, como comprovam alguns privilégios que lhe concedeu por diversas cartas, algumas guardadas no Arquivo Municipal de Sardoal, a mais antiga de 20 de Janeiro de 1313. D. Afonso V, por carta dada em Santarém em 18 de Janeiro de 1471, regulamenta alguns aspectos da sua organização e, ao mesmo tempo, faculta poderes e abre concessões aos respectivos mordomos a quem chama imperadores das festas, o que denota bem a antiguidade e a importância que as Festas do Espírito Santo do Sardoal, já tinham há mais de quinhentos anos. No princípio do século XVII existia, no Sardoal, a Irmandade do Espírito Santo, cujo compromisso foi confirmado por D.Filipe II (ANTT – Livro 28 de D. Filipe II, fls 225 vº). A Igreja do Espírito Santo, cuja data de fundação se desconhece, foi objecto de obras de remodelação em 1603, situa-se na zona central da Vila de Sardoal, fronteira ao Edifício dos Paços do Concelho, junto à actual Praça da República, que no início do século XVII se designava Praça Nova e é um templo de arquitectura simples mas muito harmoniosa, em que se destaca o Retábulo do Pentecostes, a Imagem da Santíssima Trindade e uma Imagem de S.Francisco que deve ter sido ali colocada quando ruiu a antiquíssima Capela de S.Francisco, que ficava próxima da que ainda hoje se designa por Ponte de S.Francisco, adjacente ao Chafariz das Três Bicas. A Santíssima Trindade existente na Igreja do Espírito Santo do Sardoal é do tipo trono de graça (Guimarães), forma iconográfica muito vulgar nos séculos XV e XVI, em que era usual uma Trindade tricéfala que foi condenada no Concílio de Trento, de que hoje se conhecem poucos exemplares, representando o Pai Eterno, sentado, segurando a Cruz sobre a qual pousa a Pomba do Espírito Santo. É de pedra e é tradição popular que lhe foi cortada a base, há muitos anos, retirando-lhe cerca de 80 quilos, porque se tornava muito difícil o seu transporte na Procissão, que ainda hoje, mesmo assim, não é nada fácil. A Festa do Espírito Santo, mais conhecida como a Festa do Bodo, realizou-se com grande brilho e imponência até cerca de 1860, vindo a decair a partir de 1935/36. Mesmo já numa fase descendente, no princípio deste século ainda se matavam cinco bois e as memórias que se encontram registadas na imprensa regional da época, denotam a importância local e regional que ainda mantinha. Na forma como foi retomada a partir de 1995 e, particularmente, em 1996 e 1997, procurou-se privilegiar a sua componente religiosa e recriar, simbolicamente, o Cortejo do Bodo, integrado na Procissão, para o qual foram recuperados a partir de um traje original, os fatos das Meninas do Bodo, que em 1997 foram já 20. Após a Missa e Procissão do Espírito Santo, realiza-se um almoço partilhado, aberto a todos os visitantes. Devido aos elevados encargos da sua organização, a partir do ano de 2006 a Festa do Espírito Santo ou do Bodo, passou a realizar-se de dois em dois anos. Luís Manuel Gonçalves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Sardoal

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top