Festa da «Sina» em Aldeia Viçosa

No próximo fim-de-semana, dias 28, 29 e 30 de Março, realiza-se em Aldeia Viçosa, concelho da Guarda, a tradicional Festa de Nossa Senhora do Carmo, também designada por “Festa da Sina”. Segundo Virgílio Almeida, um dos mordomos, trata-se de uma festa “de referência para todos os habitantes de Aldeia Viçosa, desde novos a velhos”, adiantando que “o povo teve, desde sempre, muita devoção para com Nossa Senhora do Carmo”. “Reza a história que os nossos antepassados lutaram pela conquista da capela, uma vez que era disputada pelas aldeias vizinhas. O povo de Aldeia Viçosa uniu-se e conseguiu ficar com o domínio da capela de Nossa Senhora do Carmo, passando este facto de geração para geração, sendo motivo de orgulho para todos. A festa nunca acabou, precisamente, para demonstrar aos nossos antepassados que esse feito valeu a pena”, afirmou. Contudo, Virgílio Almeida referiu que “é pena que na actualidade haja pessoas que não tenham este orgulho e esta devoção pela santa e pela tradição popular e tentem, de alguma maneira, perturbar o manter da tradição secular”. Sobre a romaria, o mordomo disse, ainda, que nela costumam participar emigrantes e naturais da freguesia que residem fora da região. “Até alguns emigrantes costumam regressar nesta data, para se associarem aos festejos anuais. Por outro lado, aqueles que vivem em Lisboa e Porto e em outros pontos do País, fazem desta época uma data de presença obrigatória na aldeia”, indicou. José Manuel Coutinho dos Santos, autor do livro «Sina Minha Senhora Nossa – As origens do ermitério, da capela e da festa de Nª. Sr.ª. do Carmo», publicado em 2007, refere que “a festa da Sina está tão enraizada na cultura e religião das gentes de Aldeia Viçosa que não há memória de ter havido qualquer quebra na sua realização, mesmo em momentos de grande tensão política, perseguições religiosas ou mesmo concorrência – as aparições de Fátima terão mesmo reavivado a devoção à Nossa Senhora do Carmo”. Acrescenta que “a festa da Sina [termo que significa estandarte, bandeira e insígnia militar que os cavaleiros deviam seguir], além de cumprir a sua função religiosa e mundana é também um forte instrumento aglutinador da família”. “Por outro lado – assinala José Manuel Coutinho dos Santos – ela ocorre numa época do ano verdadeiramente esplendorosa, com os campos verdejantes, com regatos escorrendo pelos caminhos, com violetas selvagens despontando da frescura verde das sombras, com giestas brancas e espinheiros explodindo em alvura, com estevas exibindo as cinco chagas de Cristo, com moitas de carvalhos rasteiros onde espreitam rosadas cucas (espécie de fruto arredondado, carnudo e rosado que é a futura noz de galha de carvalho, com bicos) e donde brotam tufos de campainhas (jacinto selvagem)”.

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