Festa da Família

Jorge Bernardino, Diocese de Coimbra

Apesar de estar um pouco esquecida, a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José celebra-se no domingo seguinte ao Natal. Esta festa desenvolveu-se a partir do século XIX, no Canadá, e, depois, em toda a Igreja a partir de 1920. Esta festa tem como objetivo apresentar a Sagrada Família de Nazaré como “verdadeiro modelo de vida”, no qual as nossas famílias se possam inspirar e encontrar ajuda e conforto.

No entanto, apontar a Família de Nazaré como modelo de vida familiar não pode ser de modo nenhum a apresentação de um modelo idílico e inalcançável de vida conjugal, pois como recorda o Papa Francisco na sua exortação apostólica sobre a família (“Amoris laetitia” – AL), muitas vezes «apresentámos um ideal teológico do matrimónio demasiado abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são. Esta excessiva idealização, sobretudo quando não despertámos a confiança na graça, não fez com que o matrimónio fosse mais desejável e atraente; muito pelo contrário» (AL 36).

Assim, descartando qualquer conto de fadas idílico da Família de Nazaré, precisamos de reconhecer que é através de uma história extremamente humana, marcada também por amarguras e contrariedades, que se constrói uma verdadeira família.

Como escreveu Tolstói no seu magistral romance, Anna Karénina: “Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira.” Todas as famílias têm dificuldades. Podem ser fruto de uma relação difícil ou nascer de circunstâncias adversas que atingem o núcleo familiar.

Por mais que se diga que a família está em crise, nada a pode substituir. É na família que nos deparamos pela primeira vez com o conceito de justiça e entendemos o conceito de autoridade. O primeiro ambiente educativo continua sempre a ser a família.

A construção de uma família significa a construção de um sonho, mas há uma tendência para ser um projeto pouco pensado, entre os mais novos. A Igreja não pode não compreender os desafios dos novos tempos, a facilidade com que as pessoas vivem juntas, os novos formatos de famílias – a Igreja tem de o perceber.

A construção de uma família representa a realização de um sonho, porém, entre os mais jovens, esse projeto costuma ser pouco ponderado. A Igreja não pode ignorar os desafios dos novos tempos, a facilidade com que as pessoas vivem juntas e as novas configurações familiares.

A família é o núcleo da sociedade. É na família que nos formamos como pessoas. O Estado deve proteger a estabilidade da família e fomentar o seu crescimento. É seu dever apoiar a natalidade e definir políticas que procurem criar condições para que os casais não só tenham mais filhos, como também tenham possibilidade de os criar e educar.

Sendo as famílias um pilar essencial da sociedade, estas devem ser valorizadas e protegidas, pois uma sociedade que não protege a família, compromete o seu futuro.

Jorge Bernardino
Comissão Diocesana Justiça e Paz

 

 

 

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