Hugo Caixaria, do Centro Social e Paroquial do Campo Grande, aborda desafios relacionados com os mais velhos no âmbito do Dia dos Avós
Lisboa, 26 jul 2012 (Ecclesia) – Acabar com a ideia de que os idosos não precisam de férias, porque muitas vezes já não são vistos como membros ativos da sociedade, é um grande desafio para quem trabalha no setor da assistência social.
Quando chega o tempo de verão, “imediatamente surge aquela ideia de que os idosos estão de férias o ano todo e que raramente precisam de férias, uma ideia até um pouco preconceituosa”, sublinha Hugo Caixaria, do Centro Social e Paroquial do Campo Grande (CSPCG), em entrevista à Agência ECCLESIA.
No âmbito do Dia dos Avós, que a Igreja Católica celebra hoje, em memória de Santa Ana e São Joaquim (pais de Maria e avós de Jesus), o profissional daquela instituição particular de solidariedade social da Diocese de Lisboa chama a atenção para o “direito” que os mais velhos também têm de “quebrar a rotina”.
Uma “dimensão” que “não é limitada a pessoas que são autónomas e independentes” mas que “também pode ser direcionada para pessoas totalmente dependentes e necessitadas de cuidados permanentes”, realça o mesmo responsável.
A “qualidade” deve ser o primeiro fator a preservar na programação de atividades recreativas e de lazer, mas a grande mais-valia é a participação da família.
Apesar de alguns maus exemplos, Hugo Caixaria já encontrou “famílias que se mobilizam completamente” para “preparar a deslocação” dos idosos.
Ao responderem com empenho às necessidades dos mais velhos, através de pormenores simples como a colocação de “uma cama articulada numa casa de férias que só tem beliches para a juventude e a criançada”, as famílias estão a dar “uma cor fantástica à sua relação”, salienta.
No que diz respeito ao CSPCG, o período entre junho e agosto é uma época privilegiada para desafiar os utentes mais velhos a gozarem de momentos mais recreativos, culturais e até radicais.
Segundo o assistente social, “este tipo de população acede a experiências que nunca pôde fazer”, como canoagem e visitas a grutas, tudo em ambiente devidamente controlado.
Entre outras iniciativas, o programa prevê ainda idas à praia, piqueniques e visitas a museus.
No fim de tudo, os idosos regressam “cheios de vida” e “com uma vontade grande de partilharem tudo aquilo que viveram”.
Muitos deles “vêm com um sentimento de gratidão genuína, porque viveram toda a vida numa austeridade. É importante trabalharmos isto”, conclui Hugo Caixaria.
O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia declararam 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações, para “promover uma cultura de envelhecimento ativo na Europa, convocando valores europeus como a solidariedade, a não discriminação, a independência, a participação, a dignidade, o cuidado e a autorrealização das pessoas idosas”.
PRE/JCP