Paulo Rocha
A história passa por muitos anedotários e traz para o ambiente de gracejos ligeiros o enredo destes dias… Conta-se que foi num diálogo entre dois amigos, mas poderia ter acontecido em qualquer outra circunstância. Tudo a propósito de “ocupações” na Semana Santa. Um terá perguntado sobre o programa para três dias, entre sexta e domingo, ao que a resposta do outro foi pronta: “Não imagino o que pensas fazer! Eu cá vou fazer o mesmo que Jesus!”. “Ótimo! Fazes tudo a pensar no bem dos amigos”, terá sido a resposta. “Não! Eu vou desaparecer nos próximos três dias, a partir de sexta, e apareço só domingo”, rematou o primeiro.
O bate-boca entre amigos tem muito de verdade! De facto, desaparecer é o que mais acontece nestes dias, mesmo quando o tempo não convida! Também entre os cristãos, sabendo que as celebrações da Semana Santa, nomeadamente do Tríduo Pascal, representam as evocações essenciais de propostas para a vida de todos os dias.
Sempre me causou estranheza o facto de “tirar férias” na Semana Santa. Porque desaparecer nos dias em que se recorda a morte e a ressurreição de Jesus é, antes de tudo, fazer como os discípulos, no Jardim das Oliveira: adormecer e esquecer a hora de agonia que estava a chegar para Aquele que sempre tinham aclamado como o Mestre. Por outro lado, a possibilidade de reviver, celebrar e atualizar os acontecimentos centrais da vida segundo Cristo são completamente colocados para planos secundários ou terciários diante da possibilidade de “gozar” dias de descanso em qualquer destino turístico, sempre aberto em todas as outras épocas do ano.
Claro que os calendários escolares condicionam, a disponibilidade de toda a família também e ainda mais índices relacionados com épocas altas ou baixas. Mas a Semana Santa não é apenas época alta, para quem se diz cristão e quer viver segundo uma proposta de vida deixada há dois mil anos. A Semana Santa é época única, momento singular, dias densos de acontecimentos que reivindicam participação, proximidade, celebração conjunta. Assim sendo, é impossível tirar férias na Páscoa!