Organização católica destaca sensibilidade «à fragilidade de outros que têm menos», em tempos de crise
A edição de 2009 da campanha “Presentes Solidários”, promovida pela Fundação Evangelização e Culturas, superou as cinco mil ofertas, batendo os números alcançados no ano anterior.
“A nossa meta era ultrapassar os 4195 presentes oferecidos o ano passado”, relatou à Agência ECCLESIA o coordenador da iniciativa, Emanuel Oliveira. “Tendo em conta os recursos e o trabalho que colocámos nesta campanha, é um óptimo resultado”, acrescentou.
As dificuldades económicas vividas no país parecem ter aumentado a generosidade dos portugueses: “Em ambiente de crise, as pessoas são mais sensíveis à fragilidade de quem tem menos”, constatou Emanuel Oliveira.
Os números finais da operação ainda não estão definidos, mas um dia após o encerramento da campanha sabe-se que o valor total das ofertas aproxima-se dos 60 mil euros.
O presente para a Guiné-Bissau foi o preferido por ser o mais acessível: “Angariámos mais de duas mil latas de leite em pó para as crianças dos centros de recuperação nutricional de Bafatá”, indicou aquele responsável.
“Há pessoas, paróquias e empresas que escolhem o presente de menor valor para poderem chegar a um maior número de amigos e colaboradores”, referiu o coordenador da iniciativa.
Os presentes são renovados todos os anos: “Pedimos aos nossos parceiros nos países lusófonos que nos sugiram hipóteses de ofertas, até porque as necessidades mudam ao longo do tempo”, explicou Emanuel Oliveira.
Em 2009, a Fundação Evangelização e Culturas proporcionou às empresas a possibilidade de oferecem macas para Moçambique. As duas companhias que optaram por esta oferta, no valor unitário de 260 euros, também aderiram aos presentes “normais”.
Uma surpresa para quem recebe e para quem oferece
Quando se compra um “Presente Solidário”, o dinheiro é entregue às instituições que trabalham nos países lusófonos; estas, por sua vez, farão a compra e a entrega dos bens a quem deles mais precisa. A pessoa que adquire a oferta recebe um postal relativo ao presente comprado, que poderá depois oferecer a quem desejar.
Um simples postal, é verdade, mas com um grande significado, não só para as populações que recebem os presentes, mas também para quem os oferece: “Recebemos testemunhos de pessoas que nunca tinham pensado na possibilidade de ter um gesto solidário no Natal”, disse Emanuel Oliveira.
“Aquilo que se procura, numa altura do ano em que praticamente todos acabamos por ser envolvidos numa onda consumista, é devolver o verdadeiro sentido do Natal”, acrescentou.
“Num tempo em que Deus nos visita e nos faz renascer, a iniciativa procura que os presentes ofereçam às comunidades a possibilidade de, também elas, nascerem de novo, através de bens simples e pequenos mas que podem fazer toda a diferença”, afirmou o coordenador da campanha. E concluiu: “Pode ser o Evangelho a realizar-se”.
Os projectos escolhidos vão ao encontro de áreas como a educação, a saúde e as infra-estruturas. São comprados em cada país, a fim de promover o comércio local e são adquiridos e entregues em colaboração estreita com sete parceiros no terreno: Irmãs Filhas d’África (Angola), Missionários Espiritanos (Cabo Verde), Diocese de Bafatá (Guiné-Bissau), Missionários de São João Baptista (Moçambique), Missionários da Consolata (Brasil), GAS Porto – ISMAIK (Timor-Leste) e Associação Navegar (São Tomé e Príncipe).