Mais do que a lembrança de “um acontecimento triste” (a tempestade que se abateu sobre o Funchal no dia 9 de Outubro de 1803) importa mais “trazer à memória à fé de muita gente”, sublinhou D. António Carrilho na homilia que proferiu ontem na Sé, por ocasião da Festa do Patrocínio de Nossa Senhora do Monte. “Passados mais de duzentos anos continuamos a fazer memória, mas não é só para lembrar o acontecimento que não passa da memória dos homens na História, mas é para lembrar a fé da nossa gente e a intervenção especial, diria quase miraculosa, de Nossa Senhora. Aqui estamos, passado este tempo, animados da fé, uma fé solidária com o passado mas viva no presente, trazendo ao hoje de duzentos anos depois um sentimento, uma expressão, uma devoção, que não queremos que passe da alma do povo”, afirmou. Segundo o Bispo do Funchal, outras “tempestades” se levantam no nosso tempo, situações que continuam a reclamar a intercessão de Nossa Senhora e a coragem dos fiéis na afirmação da sua fé. “No mundo de hoje, no meio do racionalismo, do consumismo, de tantas preocupações de ordem material, em que muitas vezes parece não existir lugar para Deus, para o transcendente, para o sobrenatural, para o espiritual, é importante pôr os olhos na imagem viva da Virgem Santa Maria e aceitarmos, tal como ela (que deu Jesus ao mundo), entrar num projecto novo (…)”. Na sua homilia, D. António Carrilho deixou ainda uma palavra aos jovens, pois, “precisamos abrir caminhos e perspectivas de encontro dos jovens com Jesus Cristo para que descobrindo-O, para que encontrando-O, para que reconhecendo o projecto de vida e de ideal que a sua mensagem encerra, também eles possam afirmar uma fé consciente e convicta”. Aos fiéis em geral apelou a uma “fé esclarecida”, apoiada em conhecimentos teológicos, bíblicos e doutrinais, conforme explicou em recente Nota Pastoral sobre a formação dos leigos. A celebração de ontem contou também com a presença de D. Teodoro de Faria, Bispo emérito do Funchal.