Fátima: Vocação da Irmã Lúcia «foi vivida de modo radical como serviço à Igreja», assinala decreto das virtudes heroicas

Documento foi lido publicamente, pela primeira vez, durante peregrinação internacional do 13 de julho

D. Virgílio Antunes
Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 13 jul 2023 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra leu hoje, na Missa da peregrinação internacional do 13 julho, em Fátima, o decreto com a proclamação das virtudes heroicas da Irmã Lúcia, que ofereceu “a sua vida pela Igreja e pela conversão dos pecadores”.

“Profeta da ‘graça e misericórdia’ que Deus quer derramar sobre o mundo, oferece a sua vida, em união com Jesus-Eucaristia e com o Coração Imaculado de Maria, pela Igreja e pela conversão dos pecadores. Embora vivendo em clausura, a sua vida tornou a sua cela um lugar com um horizonte mundial”, refere o texto apresentado por D. Virgílio Antunes, antigo reitor do Santuário de Fátima, no início da Eucaristia, perante milhares de pessoas reunidas no Recinto de Oração do santuário mariano.

O decreto com a proclamação das virtudes heroicas da Irmã Lúcia, do Dicastério para as Causas dos Santos da Santa Sé, assinala a vidente de Fátima foi “chamada a difundir no mundo a devoção ao Coração Imaculado de Maria”, vendo-se a si mesma “dentro da luz que se espargia das Suas mãos difundindo-se sobre a terra”.

O Papa Francisco, “aceitando e confirmando” os votos do Dicastério para as Causas dos Santos, aprovou a publicação deste decreto, no dia 22 de junho.

“Constam as Virtudes teologais da Fé, Esperança e Caridade para com Deus e para com o próximo, bem como as Virtudes cardeais da Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança, e as Virtudes anexas, em grau heroico, da Serva de Deus Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado (no século: Lúcia dos Santos), Religiosa Professa da Ordem dos Carmelitas Descalços, no caso e para os fins em questão”, pode ler-se.

O documento, lido hoje pela primeira vez, destaca também o percurso biográfico da Irmã Lúcia, que nasceu em Aljustrel (Fátima, Portugal), a 28 de março de 1907, foi batizada dois dias depois, a 30 de março, e fez a primeira comunhão aos 6 anos; faleceu no Carmelo de Coimbra, a 13 de fevereiro de 2005, “com grande fama de santidade”.

“Em virtude da fama de santidade e de sinais, foi celebrado, no Tribunal Eclesiástico da Diocese de Coimbra, o Inquérito Diocesano, em duas fases distintas, entre 2012 e 2017, cuja validade jurídica foi reconhecida pelo Dicastério, com Decreto de 14 de setembro de 2018”, indica o decreto.

Em 1916, com os seus primos, os santos Francisco e Jacinta Marto, teve, por três vezes, Aparições do Anjo da Paz e, nos dias 13, de maio a outubro (à exceção de agosto) de 1917, Aparições da Virgem do Rosário; tornando-se, depois da morte dos primos, “a única guardiã da Mensagem de Fátima, tendo Nossa Senhora ‘como refúgio e caminho para Deus’”.

Antes de entrar na Ordem do Carmelo, em Coimbra, “com o desejo de um maior recolhimento e silêncio”, a 25 de março de 1948, a Irmã Lúcia foi para o Instituto de Santa Doroteia, em Espanha, a 24 de outubro de 1925: em Pontevedra, a 10 de dezembro, “teve a Aparição de Nossa Senhora e do Menino Jesus, foi pedida a Devoção dos Primeiros Sábados”; em Tuy, a 13 de junho de 1929, “teve a Aparição de Nossa Senhora e da Santíssima Trindade, na qual lhe pedia a Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria”, realizada a 25 de março de 1984, por João Paulo II.

“A partir do silêncio do claustro tornou-se uma figura universal, guardando no seu coração os dramas do mundo, através da oração e dos sacrifícios, unindo harmoniosamente as dimensões mística e profética. Esta última desenvolveu-se, também, através de uma intensa atividade epistolar e literária”, destaca o decreto das virtudes heroicas.

A Irmã Lúcia viveu a sua vocação “de modo radical como serviço à Igreja” e saiu da clausura do Carmelo “por vontade dos Papas” – São Paulo VI (1967) e São João Paulo II (1982, 1991, 2000) – pelas suas viagens a Santuário de Fátima.

Antes da leitura do decreto, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, explicou que “este é um passo muito importante para o processo de beatificação e canonização, se for essa a vontade de Deus”.

O santuário mariano destacou a presença de familiares da Irmã Lúcia e da vice-postuladora, na Missa da peregrinação internacional aniversária do 13 julho presidida por D. Delfim Gomes, bispo auxiliar de Braga, concelebrada pelo provincial dos Carmelitas em Portugal.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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