Fátima: Um terço dos visitantes do santuário são católicos não praticantes

Um terço dos visitantes do santuário de Fátima são católicos não praticantes, revela um estudo a apresentar hoje, em Fátima, por ocasião das comemorações do Dia Mundial do Turismo. A autora do trabalho, Graça Poças Santos, disse à agência Lusa que “existe hoje uma religiosidade menos enquadrada institucionalmente e mais assumida individualmente”. “Uma boa parte da população portuguesa que nos Censos Populacionais do Instituto Nacional de Estatística se afirma como católica, tem uma prática religiosa muito intermitente ou mesmo nula”, adiantou a docente. Graça Santos traçou o perfil de quem se desloca a Fátima, recorrendo ao trabalho de investigação da sua tese de doutoramento, a que acresceram os resultados de 384 inquéritos e também entrevistas a autarcas e pessoas ligadas à hotelaria, religião e turismo. Segundo o estudo, o visitante de Fátima é maioritariamente do sexo feminino, tem uma idade média de 50 anos, é casado e apresenta formação igual ou inferior ao 2º ciclo. A maioria dos visitantes de Fátima reside em Portugal (71,1 por cento dos inquiridos), trabalha sobretudo nos sectores secundário e terciário. Existe uma elevada proporção de inactivos (46,4), como domésticas, estudantes ou reformados. O documento revela que o visitante do santuário mariano acompanha-se de familiares (71,5) e vai a Fátima fora do período de férias (53,1) com o propósito de rezar, cumprir uma promessa ou por uma questão de tradição. Grande parte dos inquiridos garante que participa nas celebrações litúrgicas do santuário(74,5) no santuário. A visita a Fátima é “o motivo principal da viagem” para a maioria dos inquiridos (95,3). Assim, 57,2 por cento não visitam “outros pontos de interesse turístico ou cultural na cidade ou na sua vizinhança, nem noutros locais turísticos da região”. “Mais de metade (59) desloca-se de automóvel próprio”, mas há uma “maioria muito alargada” (79,9) de excursionistas, indica o estudo, sublinhando que quase todos os visitantes vão à Capelinha das Aparições e à Basílica. O visitante de Fátima evidencia propensão ao consumo no comércio local, sobretudo no que toca à aquisição de artigos religiosos (58,9) e “uma boa parte (69,5) dos inquiridos sente a cidade como acolhedora”. Encomendado pelo Turismo Leiria/Fátima, o trabalho, que aborda igualmente a questão das estruturas disponíveis para pessoas com necessidades especiais, insere-se no Projecto de Investigação Identidades e Diversidades para a Cooperação Europeia dos Locais Maiores de Acolhimento. O estudo não se limita ao actual visitante de Fátima, mas aponta pistas para atrair ou reforçar novos públicos à cidade-santuário. Para a investigadora, os visitantes potenciais de Fátima têm como principal motivação “interesses de ordem cultural e arquitectónica”, mas também o mercado de congressos. “Visitantes de extractos sociais mais altos” ou “cansados da vida quotidiana nos grandes centros urbanos ou no emaranhado das relações humanas problemáticas” podem ser igualmente segmentos de mercado a explorar, assim como estrangeiros. Graça Santos acredita que Fátima pode ser ainda atractiva para “visitantes com diferentes origens religiosas” ou para os jovens. Com Lusa

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top