Fátima, Santarém, 20 jun 2015 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima acolhe até domingo o Simpósio Teológico-Pastoral 2015, com a participação de 300 pessoas, que sublinha a atualidade da proposta de “santidade” que a Igreja apresenta aos fiéis e a toda a sociedade.
“Abordar o tema ‘Santificados em Cristo’ em Fátima e tomando a mensagem de Fátima como ponto de partida tem necessariamente consequências para o próprio aprofundamento da mensagem fatimita como apelo à santidade, como caminho concreto como escola de santidade no exemplo de vida dos seus protagonistas”, referiu o reitor do Santuário, durante os trabalhos, que se iniciaram esta sexta-feira, no Centro Pastoral de Paulo VI.
Segundo o padre Carlos Cabecinhas, os três dias de reflexão e debate, com a presença de especialistas portugueses e internacionais, “desafia a descobrir formas novas de pensar a santidade”.
O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, recordou na sessão inaugural a experiência mística da beleza do amor de Deus nos Pastorinhos de Fátima, logo a partir das aparições do Anjo, em 1916, que os fez “viver a partir de Deus e do seu amor na simplicidade e na alegria e esta é a ótica da graça que nos leva a afirmar que o outro nome da santidade é a beleza espiritual, beleza do coração transfigurado”.
A santidade, concluiu, “não está reservada a poucos eleitos ou a certas elites em ambientes protegidos, é proposta a todos e está presente no mundo até nas mais impensáveis situações”.
O teólogo José Eduardo Borges de Pinho, que preside à comissão organizadora do simpósio, assinalou por sua vez que “a santidade nunca é algo que se conquiste por mérito próprio”, mas “é fruto do amor gratuito de Deus, dom da graça que capacita alguém a encontrar nas circunstâncias da vida, caminhos de fidelidade e radicalidade no amor a Deus”.
Os trabalhos deste sábado iniciaram-se com uma conferência do teólogo belga Joseph Famerée, sobre o tema ‘Creio na Igreja santa”, sublinhando que a santidade é um “imperativo espiritual” para os católicos.
O religioso dehoniano apresentou uma visão histórica do tema e precisou que “a Igreja está teologalmente já salva” e é mesmo “ministra da remissão dos pecados”, existindo nela uma santidade “objetiva” que “não pode perder”.
Já o cónego João Aguiar Campos, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, falou do “dom da conversão” como a “aceitação” de Deus.
“Não há conversão sem que se reconheça a presença do pecado”, observou, e essa conversão deve chegar mesmo “ao Mercado”, como recordou Francisco.
O sacerdote falou do Papa como um exemplo “da alegria proclamada e da alegria vivida”.
João Miguel Tavares, cronista, abordou ‘A vida quotidiana como caminho de santidade’, questionando se “ainda fará sentido” falar neste tema “num mundo secularizado”.
O conferencista referiu-se a um “buraco secular” em “zonas fundamentais da existência” que atinge a “dimensão ética” do agir humano.
A iniciativa pode ser acompanhada através da internet, com transmissão em direto.
SISF/OC