Fátima: «Senti-me na obrigação de oferecer as minhas luvas», diz responsável da vigilância ao recordar momento em que peregrina tentou tocar na imagem de Nossa Senhora
10 Outubro, 2025 8:54
Da vigilância ao acolhimento, profissionais do Santuário abordam importância de escultura, com a qual o Papa Leão XIV se encontra este sábado
Foto: Agência ECCLESIA/TAM, André Silva, diretor do Departamento de Vigilância e Gestão Operacional do Santuário de Fátima
Fátima, 10 out 2025 (Ecclesia) – O diretor do departamento de Vigilância e Gestão Operacional do Santuário de Fátima recorda um dos momentos marcantes com a imagem na Capelinha das Aparições, quando uma peregrina tentou tocar no ícone, que esta sexta-feira segue para o Vaticano.
“Num dos trabalhos que tivemos com a imagem, onde foi necessário manusear a imagem aqui na Capelinha e que tivemos de fazer algumas movimentações para o exterior, lembro-me, por exemplo, de uma peregrina tentar tocar na imagem e eu impedir que isso acontecesse”, começa por contar André Silva, em declarações à Agência ECCLESIA.
A atitude do responsável, que visou garantir a conservação da escultura, levou a peregrina a “ficar emocionada e triste” por não poder tocar no ícone.
“Obviamente, comoveu-me de tal forma que eu, no final, senti-me na obrigação de oferecer as minhas luvas à peregrina, portanto, como gesto, também, de alguma recompensa pelo facto de ela não poder tocar na imagem”, lembra.
Para André Silva, são estes “momentos inusitados” que trazem “as melhores recordações”.
A imagem de Nossa Senhora de Fátima, presente na Capelinha das Aparições, sai esta sexta-feira do Santuário da Cova da Iria para se deslocar pela 4º vez ao Vaticano, 12 anos depois, por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana, a pedido do Papa Francisco e reafirmado pelo Papa Leão XIV.
Também o diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima recorda um momento especial com a escultura, quando esta saiu da Capelinha e esteve no centro de uma exposição temporária dedicada à celebração do centenário da sua criação.
“Foi o dia em que eu, pessoalmente, tive a oportunidade de estar mais próximo da imagem. E, portanto, há esta dimensão de riqueza da experiência pessoal”, testemunha.
André Pereira evoca também a Peregrinação de Pessoas Surdas a Fátima, em 2024, destacando a emoção gerada nos no grupo de peregrinos numa saudação à Nossa Senhora na Capelinha das Aparições.
“Foi, para mim, muito marcante”, expressa.
O Papa Leão XIV vai estar em oração junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima no sábado, pelas 18h00 locais (menos uma em Lisboa), na vigília de oração, na Praça de São Pedro, e na Missa a que preside no domingo, perlas 10h30, no mesmo lugar, informa o Santuário de Fátima.
Ao longo do dia de sábado, até à vigília de oração, a imagem estará presente na Igreja de Santa Maria in Traspontina, para veneração dos peregrinos, seguindo, às 17h00, em procissão para São Pedro.
Foto: Agência ECCLESIA/TAM, André Pereira, diretor do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima
“Eu penso que [a saída da imagem do espaço do Santuário] significa ou ajuda-os [peregrinos] a reconhecer ou a reafirmar a noção que têm da centralidade, da importância de Fátima e da sua mensagem nos nossos dias”, referiu o responsável Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário de Fátima.
André Pereira considera que nas raríssimas vezes que a imagem sai da Cova da Iria, os peregrinos identificam “que Fátima é um acontecimento” para a “Igreja Universal” e para a Igreja da atualidade.
“Quando, para o Jubileu de Espiritualidade de Mariana, o Papa pede que seja a imagem de Fátima que, de alguma forma, se faça presente em Roma, condensando em si, em certa medida, esta espiritualidade mariana, isso diz-nos muito do lugar de Fátima, da mensagem de Fátima, do acontecimento de Fátima para a Igreja e para o mundo”, assinalou.
Também André Silva identifica a importância que o ícone mariano assume no mundo.
O responsável trabalha no Santuário da Cova da Iria, há 17 anos, e assume o cargo de diretor do departamento de Vigilância e Gestão Operacional do Santuário com uma “noção clara da responsabilidade que implica” fazer parte do cuidado com a imagem de nossa Senhora do Rosário de Fátima.
“Por outro lado também é ter esta noção de alguma pequenez, de alguém poder estar junto daquilo que é um ícone reconhecido mundialmente, como se calhar o maior ícone mariano no mundo, e, portanto, é este misto de emoções. Por um lado é ter essa noção da grandeza que tudo isto envolve, mas também ter esta noção desta pequenez”, indicou.
André Silva explica que a imagem, que está exposta 24 horas por dia, é acompanhada por vigilantes que garantem a sua segurança em permanência.
“Há sempre alguém a observar esta imagem e a garantir que ela está no seu lugar, de forma cuidada. E, depois, obviamente, há todos os cuidados do próprio museu em fazer com que a imagem se mantenha devidamente conservada”, testemunha.
A saída do ícone para o Vaticano vai estar em destaque no programa ’70×7′ deste domingo, transmitido pelas 17h30 na RTP2, dedicado à imagem localizada no coração do Santuário de Fátima, através dos testemunhos dos profissionais que com ela trabalham e lidam de perto.