Intérpretes trabalham gestos para que transmitam a profundidade da mensagem cristã
Fátima, 15 nov 2024 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima está a desenvolver um trabalho de colaboração com a Comissão Episcopal de Liturgia para fixar em Língua Gestual Portuguesa (LGP), os principais textos da liturgia católica, com a ajuda de um grupo de intérpretes.
Segundo o reitor da instituição, diversas dioceses e paróquias têm contactado o Santuário “para partilhar experiências e obter conselhos para as celebrações terem em conta a comunidade das pessoas surdas”
“Têm vindo para conhecer o que temos feito e em busca de alguma interação com o nosso grupo de intérpretes que teve uma presença significativa na Jornada Mundial da Juventude” refere o padre Carlos Cabecinhas à Agência ECCLESIA.
Hoje assinala-se o Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa que se comemora anualmente a 15 de novembro, a data em que foi criada a Comissão para o Reconhecimento e Proteção da Língua Gestual Portuguesa.
Desde 2013 que o Santuário começou a introduzir a LGP nas celebrações das peregrinações aniversárias, constituindo uma equipa de intérpretes que tem vindo a crescer e a incrementar a sua presença nos momentos celebrativos.
Renato Coelho e Cláudia Valadares integram esta equipa e apoiam-se mutuamente na interpretação da eucaristia que, naquela manhã, era celebrada na Basílica da Santíssima Trindade.
A comunidade das pessoas surdas pode acompanhar a celebração à distância através da transmissão pela internet que conta com a interpretação gestual.
“Este é um trabalho que carece de investigação, trabalho prévio e preparação linguística porque este ambiente litúrgico tem um vocabulário muito específico”, afirma Renato Coelho.
O trabalho envolve preparação e estudo prévio de guiões e textos litúrgicos, para que a interpretação pela língua gestual transmita a mensagem proposta pela Igreja Católica.
Cláudia Valadares afirma que é essencial “refletir, perguntar, e investigar” junto de pessoas surdas com conhecimento nesta área, para perceber se o gesto em uso é o mais correto para transmitir os conceitos.
“No caso do Aleluia, utilizamos o gesto que exprime alegria, mas reforçado com um movimento de quem exulta, para assim sermos mais fiéis à dimensão teológica da palavra”, precisa.
O Santuário de Fátima acolheu recentemente a II Peregrinação Europeia de pessoas surdas, que trouxe a este lugar de devoção mariana peregrinos de diversos países que, com o apoio da língua gestual, puderam fazer uma experiência religiosa em torno da mensagem de Fátima.
Esta é uma reportagem que pode ver o programa ‘70X7’ que será emitida no próximo domingo, na RTP2, pelas 17h35.
HM/OC