Fátima: Santuário oferece férias para pais e crianças com deficiência, uma iniciativa «sempre nova» há 17 edições

«Há sempre gente que nunca ouviu falar, por isso, é sempre pertinente voltarmos e tentarmos divulgar ao máximo» – Irmã Marta Couto

Foto: Santuário de Fátima

Lisboa, 15 jul 2024 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima, com o apoio dos Silenciosos Operários da Cruz, vai promover de 17 de julho a 9 de setembro a 17ª edição das férias para pessoas com deficiência e para os seus pais, uma iniciativa “sempre nova”.

“Esta iniciativa é sempre nova e há sempre muita gente que, infelizmente, ainda não tem conhecimento desta iniciativa, o que nos vai surpreendendo um pouco, tendo em conta também a quantidade de anos. É curioso que há sempre gente que nunca ouviu falar, por isso, é sempre pertinente voltarmos e tentarmos divulgar ao máximo para que toda a gente possa pelo menos conhecer e eventualmente também usufruir desta”, assinalou a irmã Marta Couto, da Associação ‘Silenciosos Operários da Cruz’ (SOC), em entrevista à Agência ECCLESIA.

A iniciativa ‘Vem para o Meio: Férias para pais de pessoas com deficiência’ vai ter seis turnos, em 2024, ao longo de uma semana cada.

Segundo a entrevistada, a grande maioria” de participantes são “pessoas novas”.

“Este ano, inclusivamente, a maioria das pessoas que é repetente teve de ficar em espera, porque temos sempre um número limitado e tivemos uma grande afluência, graças a Deus, de pessoas que ouviram falar desta iniciativa pela primeira vez e que resolveram procurar. Nós tentamos sempre ao máximo receber quem se inscreve pela primeira vez e, até agora, temos conseguido”, desenvolveu.

As férias têm cerca de 60 pessoas a participar em cada semana, “sempre entre 20 a 25 voluntários, 20 a 25 pessoas com deficiência e depois os pais que também acompanham”, e cerca de 70 pessoas em lista de espera.

“Não dá para vir mais gente nestes turnos, temos sempre aquele número limitado. O número é sempre reduzido em relação à grande realidade que há, embora seja uma realidade muito oculta e muito grande, nós não temos bem noção da quantidade de pessoas com deficiência e de famílias”, acrescentou a entrevistada.

A irmã Marta Couto salienta que o objetivo é “dar férias aos pais que têm os seus filhos com deficiência em casa”, e explica que as pessoas que estão institucionalizadas, “por norma, os pais já não têm este encargo durante o dia, durante o ano”, por isso, têm “exclusividade” estas famílias, sendo que os pais “podem escolher participar ou não nesta semana de férias, totalmente gratuita, oferecida pelo Santuário de Fátima”.

A iniciativa ‘Vem para o Meio’ recebe pessoas com “todo o tipo de deficiências”, desde física à psíquica, física e psíquica, pessoas com paralisia cerebral, com Trissomia 21, e, segundo a consagrada, “cada vez mais, a questão do autismo” que tem vindo a ter “uma grande prevalência na realidade das semanas de férias”, e também algumas doenças do foro genético.

Em cada uma das semanas o programa conta com “diversas atividades”, entre jogos e uma ida à praia, visitas pelo Santuário de Fátima e pelos Valinhos, e têm “algumas propostas mais espirituais”.

Desde 2006, o ‘Vem para o meio’, que surgiu por iniciativa do então reitor do Santuário de Fátima, monsenhor Luciano Guerra, já acolheu perto de mil pessoas com deficiência e respetivos cuidadores.

“Surgiu precisamente porque ao Santuário ocorriam muitas famílias, muitas mães, e o nome inicial até era mesmo ‘Férias para Mães de Pessoas com Deficiência’, que via o desespero destas mães que não sabiam o que fazer mais com os filhos, não tinham mais forma de conseguir subsistir, de conseguir aguentar, porque apesar do amor que têm pelos seus filhos o cansaço não é pouco”, contextualizou a irmã Marta Couto, observando que uma semana de férias “é pouquíssimo, naquilo que são os 365 dias, durante anos e anos e anos a fio”. 

Foto: Santuário de Fátima

Em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido esta segunda-feira, na RTP2, a entrevistada destacou também os voluntários que participam nesta iniciativa solidária, e “muitos”, dos que participam pela primeira vez, “nunca tiveram experiência com pessoas com deficiência”, sendo que “a grande maioria chega pela dinâmica boca a boca”; este voluntariado está aberto a pessoas a partir dos 16 anos.

“É uma transformação, uma transformação muito bonita. É curioso que quem vem pela primeira vez há sempre aquele choque inicial, há sempre aquele receio, uma grande confusão logo ali ao início, mas que depois com aquele ingrediente especial do amor tudo se transforma e o estar com, que é aquilo que nós damos sempre grande ênfase, que é o importante é estarmos com”, desenvolveu.

A irmã Marta Couto acrescenta que, neste ano, a iniciativa ‘Vem para o Meio’ com o “tema especial do encontro” vão procurar também ter essa “atenção especial ao ir ao encontro do outro, mesmo que o outro não fale, o que é que o outro diz quando não fala, mas comunica, de que maneira é que comunica e tudo isto vai sendo muito naturalmente vivido”.

“Como a própria equipa do Santuário gosta de dizer, é uma experiência imersiva na realidade das pessoas com deficiência. Durante uma semana, estes voluntários são os pais destas pessoas com deficiência”, indica a religiosa da associação ‘Silenciosos Operários da Cruz’.

LFS/LS/CB/OC

 

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