Fátima: Santuário «nunca deixou de cumprir qualquer obrigação» e nega considerar peregrinos em «segundo plano»

«A entrevista concedida agora pelo antigo Reitor corresponde a uma opinião, que resulta de uma leitura pessoal», afirma a instituição em comunicado

Foto Arlindo Homem/AE

Fátima, 22 dez 2022 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima afirmou em comunicado que a entrevista do antigo reitor da instituição ao Jornal de Leiria “resulta de uma leitura pessoal”, rejeita as críticas à atual gestão e afirma a prioridade do acolhimento aos peregrinos.

O Jornal de Leiria publica na edição desta semana uma entrevista a monsenhor Luciano Guerra, que considera que a atual gestão do Santuário de Fátima criou “uma espécie de castelo intelectual”, deixando para “plano secundário” os peregrinos.

“O papel do Santuário, ontem como hoje, está definido, em primeiro lugar nos seus Estatutos – acolher os peregrinos, difundir a mensagem de Fátima e zelar pelo cuidado dos mais frágeis –, que se procura cumprir com rigor e zelo evangélico, como não poderia deixar de ser”, afirma o Santuário de Fátima em comunicado enviado à Agência ECCLESIA

De acordo com o documento, divulgado em reação à publicação da entrevista a monsenhor Luciano Guerra, antigo reitor do Santuário de Fátima, a “missão fundamental” de acolher os peregrinos “não exclui, antes exige, uma gestão profissional, adaptada às exigências de hoje, sempre comprometida com o bem comum e com a dimensão social”.

De acordo com as declarações de monsenhor Luciano Guerra divulgadas na página da internet do Jornal da Leiria, no “atual programa do Santuário, o fito primário mais explícito são os intelectuais” e a “dedicação total à intelectualidade não deixa espaço para a dedicação aos pobres”.

O Santuário de Fátima considera que “a entrevista concedida agora pelo antigo Reitor corresponde a uma opinião, que resulta de uma leitura pessoal, que respeitamos, feita a partir da sua realidade atual, onde se nota um alheamento do que é hoje o Santuário no contexto da Igreja e do mundo, que carece de fundamentação, e revela um profundo desconhecimento da atual gestão do Santuário e dos desafios com que se confronta”.

Para o Santuário de Fátima, as considerações do antigo reitor revelam “uma grande contradição entre aquela que foi a ousadia do então Reitor, Monsenhor Luciano Guerra, que durante 35 anos nunca deixou que o Santuário cristalizasse na sua ação pastoral e procurou que fosse sempre evoluindo, mas que agora manifesta total oposição a toda a evolução verificada desde 2008.

“O mesmo se pode dizer da pretensa ‘intelectualização’ da pastoral do Santuário, pois Monsenhor Luciano Guerra foi um homem de cultura, que convidou alguns dos mais reputados artistas nacionais, e até internacionais, a interpretar a mensagem e a materializá-la em obras de arte e iniciou os congressos internacionais que reuniram na Cova da Iria grande parte dos teólogos pensadores da contemporaneidade. O Santuário não esquece e valoriza este seu precioso contributo”, acrescenta o comunicado.

O Santuário de Fátima sublinha que “procura sempre estratégias para uma maior eficiência da sua ação e para uma otimização dos seus recursos, sem nunca pôr em causa o acolhimento dos peregrinos, o respeito pelo destino dos bens doados e o apoio aos mais pobres e vulneráveis”.

Na entrevista em Jornal de Leiria, monsenhor Luciano Guerra afirma que se impõe um “esforço enorme de purificação do Santuário” e refere-se a trabalhadores que “praticamente foram expulsos”.

O Santuário de Fátima afirma que “nunca deixou de cumprir qualquer obrigação, desde logo com os seus funcionários”, lembrando que “não despediu nem forçou a saída de qualquer colaborador, apenas adaptou o seu quadro de pessoal às necessidades pastorais resultantes de um novo contexto, que obrigou a uma redução muito significativa da atividade do Santuário em 2020, que se prolongou ainda durante o ano de 2021 e que só este ano de 2022, felizmente, começou a ser retomada.

Monsenhor Luciano Guerra foi reitor do Santuário de Fátima entre 1973 e 2008, sucedendo-lhe D. Virgílio Antunes, atual bispo de Coimbra, até 2011; desde esse ano é reitor da instituição o padre Carlos Cabecinhas

PR

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Agência ECCLESIA

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