Fátima: Reitor visitou Santuário na Ucrânia e quer recordar que «aquele drama não acabou»

Peregrinação de julho vai reforçar mensagens de paz, evocando guerra na Europa e no Médio Oriente

Foto: Lusa/EPA

Fátima, 04 jul 2025 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima disse hoje à Agência ECCLESIA que a sua recente visita à Ucrânia mostrou que “aquele drama não acabou”, após mais de três anos de conflito generalizado, por causa da invasão russa.

“Neste momento começamos todos a esquecer pouco a pouco o que sucede ali”, admite o padre Cabecinhas, que esteve em território ucraniano de 24 a 27 de junho, a convite do Santuário da Mãe de Deus de Zarvanytsia, um dos mais importantes centros de peregrinação da Igreja greco-católica local, na zona oeste do país.

“Aqui, na Cova da Iria, tem como consequência percebermos que aquele drama não acabou e temos de intensificar a nossa oração também pelos cristãos da Ucrânia”, acrescentou.

O sacerdote refere que partiu como “peregrino de esperança”, no ano jubilar que a Igreja Católica vive em todo o mundo, e para “assegurar esta ligação espiritual e de oração pela paz que se faz diariamente no Santuário de Fátima”.

“A manifestação que tivemos foi de grande contentamento por essa presença, por essa garantia de oração, por essa solidariedade”, relata.

O reitor do Santuário de Fátima esteve com os responsáveis da Universidade Técnica, na região, referindo que “os bombardeamentos próximos destruíram praticamente toda a capacidade de acolhimento daquelas instalações”, onde as aulas deveriam recomeçar em setembro.

O padre Carlos Cabecinhas recorda também a visita ao hospital, junto de “militares mutilados” e ao cemitério local.

“Essa realidade é impactante, perceber que por toda a Ucrânia os cemitérios vão crescendo com o número de soldados mortos”, confessa.

A sensação é de uma vida em suspenso, porque de facto todos anseiam pela paz, todos anseiam pelo fim do conflito, tentam garantir a normalidade da vida no dia-a-dia.”

O sacerdote visitou o campo de férias promovido pelo Santuário da Mãe de Deus de Zarvanytsia para crianças vindas

O campo de férias que visitei, a meu ver, é significativo, é um campo de férias para crianças e o que é que o Santuário propõe, das zonas mais atingidas pela guerra, oferecendo uma semana sem “ouvir sirenes nem alertas de bomba”.

“Está nas nossas mãos rezar pela paz, acolher naquilo em que pudermos esta Igreja irmã da Ucrânia e estes nossos irmãos que vivem naquela situação de guerra, e por isso não podemos nunca dizer que é algo que não nos diz respeito”, insiste o entrevistado.

A preocupação vai marcar a próxima peregrinação internacional na Cova da Iria, a 12 e 13 de julho.

“Não deixamos de rezar por Gaza, não deixamos de rezar pela paz no Médio Oriente, mas temos de manter a nossa oração pela Ucrânia e por aqueles que ali vivem”, indica o padre Carlos Cabecinhas.

A peregrinação vai ser presidida pelo bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal, D. Sérgio Dinis.

“As nossas Forças de Segurança, graças a Deus, em países que vivem em situação de paz como é o nosso, são fundamentalmente uma recordação permanente dessa dimensão de paz que procuramos”, indica o reitor do Santuário de Fátima.

Para o sacerdote, perante “uma III Guerra Mundial em episódios, em pequenos pedaços, o tema da paz, infelizmente, tem ganho redobrada atualidade”.

O testemunho dos videntes de Fátima regista que, na aparição de 13 de julho de 1917, Nossa Senhora lhes disse: “Para impedir a guerra virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados”.

O padre Carlos Cabecinhas pede “algum cuidado” na forma como se interpreta a referência à Rússia na Mensagem de Fátima.

“Não se trata da estigmatização de um povo, trata-se fundamentalmente de uma visão de fé que diz que há regimes que defendem o mal e que lutam contra Deus”, sustenta.

Em conclusão, o reitor deixa um convite para que os peregrinos venham a Fátima rezar pela paz.

“Nossa Senhora pediu neste lugar que rezássemos e que rezássemos concretamente pela paz. A minha mensagem é que venham, que não deixem de vir ou que nas suas casas se associem a nós nesta intenção tão urgente de rezar pela paz do mundo”, apela.

CB/OC

Partilhar:
Scroll to Top