D. José Ornelas cita Papa Francisco, que pede maior participação feminina nos lugares de decisão
Fátima, 13 out 2020 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defende hoje em Fátima um novo “paradigma” de liderança na Igreja Católica, com valorização das mulheres nos lugares de decisão, como pede o Papa Francisco.
“Acentuar o feminino e o materno não é apenas buscar um equilíbrio de poderes ou de influências na organização funcional da Igreja. Trata-se é de mudar de paradigma, de mudar o modo de pensar: o mundo não é de quem mais manda, é de quem mais constrói a vida. A liderança eclesial não está fundada sobre a ideia de poder, mas na vida, no cuidado e no serviço”, disse D. José Ornelas, na homilia da Missa internacional aniversária do 13 de outubro.
O bispo de Setúbal sustentou que a valorização do papel da mulher “contribui decisivamente para a valorização dos ministérios na Igreja, homens e mulheres, hoje demasiado concentrados nos ministérios ordenados”.
“A primazia da vida, do serviço, do cuidado do mundo e da humanidade exige a presença de homens e mulheres, na diversidade dos dons de cada um para o serviço dos irmãos e para a missão de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais inclusivo, também nos lugares onde se tomam decisões para todos, como o Papa tem acentuado”, acrescentou.
O presidente da CEP, especialista em estudos bíblicos, afirmou que “junto com o ministério dos apóstolos” – que, segundo a tradição católica, têm como sucessores os bispos -, é necessário valorizar os “sinais femininos, da maternidade, de Maria”.
“Esta presença feminina e materna de Maria, a que se junta, desde a missão de Jesus e desde o início da Igreja, um grupo de outras mulheres, lança uma luz de entendimento sobre a identidade e a missão da Igreja”, sublinhou D. José Ornelas, não como “um facto secundário”, de “decoração”, perante “o protagonismo masculino”, mas como “um importante e determinante elemento na construção da Igreja”.
Faz-nos falta olhar, compadecer-se, acolher e fazer sentar à mesa, na casa do Pai do céu, com toda a dignidade, todos os seus filhos e todas as suas filhas”.
O responsável católico convidou os peregrinos a inspirar-se na figura da Virgem Maria, procurando “ousar, para não fazer da fé uma exposição de peças de museu”, e participar na missão da Igreja, “para um mundo melhor”.
“Maria, mulher, esposa e mãe ilumina o nosso modo de estar na Igreja e o nosso compromisso na sua missão, para que ela seja verdadeiramente casa de Deus para todos os homens e mulheres neste planeta. Serva do Senhor para cumprir o seu projeto, ela ensina-nos a escutar a voz de Deus e a tornar-nos disponíveis para seguir o chamamento que Ele dirige a cada um e cada uma”, disse.
No último domingo, o Papa recordou a sua intenção de oração para o mês de outubro, pedindo maior participação das mulheres nos lugares de decisão da Igreja Católica.
“Nenhum de nós foi batizado padre ou bispo, fomos todos batizados como leigos. Leigos e leigas são protagonistas da Igreja”, assinalou.
Francisco destacou a necessidade de “alargar os espaços de uma presença feminina mais incisiva”, lamentando que as mulheres sejam “colocadas de parte”.
O Papa apelou à integração das mulheres “nos lugares onde se tomam as decisões importantes”.
OC