Fátima Eusébio realiza 10ºano de peregrinação, uma «experiência de vida» que considera «insubstituível»
Conímbriga, 09 maio 2024 (Ecclesia) – A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais, que realiza pela 10ª vez uma peregrinação até Santuário de Fátima, afirmou, em entrevista à Agência ECCLESIA, que peregrinar “é verdadeiramente um ato terapêutico”.
“Quando comecei em 2014, não sabia o que encontrar, nem sabia o que ia viver e o que ia sentir. Foi uma experiência, na altura um bocadinho às escuras, digamos assim, mas foi uma experiência tão gratificante que, a partir daí, tornou-se mesmo um vício”, refere Fátima Eusébio.
A responsável integra um grupo de peregrinos da Diocese de Viseu, que realiza o percurso da Rota Carmelita, que se inicia em Coimbra, rumo à Cova de Iria, e no meio de uma vida “extremamente ativa”, durante o ano, vê este como “um período de libertação”.
“É um período também que me permite ao silêncio, um silêncio próprio, interior também, de um certo reencontro, do questionar também, aproveitar para questionar muita coisa, de ter tempo para olhar à volta e contemplar. Eu acho que na rotina e naquele dia-a-dia que vivo, não tenho tempo para contemplar e para saborear muitas vezes aquilo que é olhar este mundo que Deus criou e que o homem transformou e, por isso, é libertador”, explicou.
A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais considera que peregrinar é “dor e luz”, simultaneamente, e lembra a experiência de peregrinação que realizou no ano passado, antes da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, numa semana de “muito calor”, em que pensou várias vezes em desistir.
“No entanto, cada vez que eu pensava dessa forma, ao mesmo tempo parece que me vinha precisamente um sentimento: ‘não, eu vou conseguir e com a força de Maria, ela está aqui e não me vai deixar cair’. E consegui sempre chegar”, relata.
“Ninguém pensa que peregrinar se faz sem dor, não é ir passear ao centro comercial, peregrinar tem dor, como é evidente, tem momentos de desalento”, destaca Fátima Eusébio, que acrescenta que são estes instantes que elevam a “capacidade de superação”.
A coordenadora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu conta que realiza peregrinações ao Santuário mariano “sempre” por agradecimento e que chegar ao Santuário significa sentir que está no “colo de Nossa Senhora”.
Ao longo da caminhada, a peregrina salienta que existem momentos de diálogo “com o silêncio”, com os outros e com Deus.
“Eu acho que durante a peregrinação há muitos momentos que nós temos a oportunidade de viver esse silêncio, de ouvir o barulho da água, de ouvir os pássaros, de sentir”, realça, mencionando que as peregrinações são uma oportunidade para criar relações.
“Hoje em dia, grande parte dos meus amigos fazem parte dos grupos de peregrinação em que eu já participei ao longo destes anos”, revela.
Para a Fátima Eusébio, peregrinar é uma “escola de vida” e “só quem faz é que percebe verdadeiramente a dimensão”, uma vez que ali se aprende o que é ser solidário.
“Aprendemos a olhar o outro com maior capacidade, maior compreensão. Aprendemos a colocar-nos no lugar do outro, e isso é muitíssimo importante. Aprendemos a relativizar muitas coisas. Aprendemos a perceber o que é superar-nos a nós próprios em momentos de maior dificuldade. Portanto, há toda uma aprendizagem aqui, mas que só se consegue perceber fazendo. Por isso, quem puder, eu considero que peregrinar é uma experiência de vida que é insubstituível”, assinala.
O Programa ‘70×7’ do próximo domingo (07h30, RTP2) apresenta uma emissão dedicada à peregrinação e aos peregrinos que estão nos tradicionais caminhos de Fátima, mas também na Rota Carmelita, que começa em Coimbra.
LFS/LJ/OC