Fátima: Peregrinação Militar Nacional convidou à «alegria do serviço»

«Hoje, não há quem não sinta o peso do cansaço e se sinta até oprimido», disse D. Rui Valério

Foto: Diocese das Forças Armadas e de Seguranças

Fátima, 16 jun 2023 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal convidou os participantes da Peregrinação Militar Nacional, neste dia do Sagrado Coração de Jesus, à “coragem, recordação e acordar”, refletindo também sobre “o peso do cansaço” e a “desordem ética”.

“Hoje, não há quem não sinta o peso do cansaço e se sinta até oprimido, por exemplo, pela constante presença da guerra na Ucrânia, que já faz parte do nosso dia-a-dia, obrigando-nos a assistir ao vivo a situações que revelam até onde pode chegar a maldade do ser humano para com os seus semelhantes”, disse D. Rui Valério, esta manhã, na Missa que presidiu na Basílica da Santíssima Trindade.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo do Ordinariato Castrense de Portugal afirmou que também não faltam motivos para, hoje, se sentirem “oprimidos, sobretudo pela desordem Ética” que, “como sublinhava há poucos dias o Papa Francisco, chegou ao ponto de atingir algumas instituições”.

“Valores como a verdade, a justiça, a integridade, a dignidade do ser humano são pilares que hoje sucumbem sob o peso da opressão, da mentira, da corrupção e da injustiça”, indicou.

Para D. Rui Valério existe ainda um terceiro “motivo de preocupação”, a “crescente incerteza” sobre a Inteligência Artificial, que constitui um desafio ao próprio ser humano e “coloca em crise”, não a pessoa, mas “uma certa conceção, uma ideia de ser humano”.

Com o Tema «‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ para levar a alegria do serviço», a 40ª Peregrinação Militar Nacional a Fátima, começou, esta quinta-feira, dia 15 de junho, com a celebração da Via-Sacra, nos Valinhos, seguindo-se a recitação do Terço e Procissão de Velas, no recinto do santuário mariano.

O Ordinariato Castrense informa que participam na peregrinação elementos dos três Ramos das Forças Armadas e das duas Forças de Segurança, funcionários civis e familiares.

Esta sexta-feira, a Igreja Católica celebra a Solenidade Sagrado Coração de Jesus, segundo D. Rui Valério, “Jesus não reconhece apenas o cansaço” de cada um, “as sufocantes preocupações”, mas oferece “alívio e esperança”, e convidou os presentes a deixarem-se “guiar pela força que dele irrompe”, que se exprime nas palavras “coragem, recordação e acordar”.

“Se a força que brota das armas, que provém dos calculismos políticos, dos interesses económicos, redunda invariavelmente em guerra, em discriminação e miséria; a força que brota do coração revela-se na paz e em projetos construtivos de humanidade. A coragem, para os Militares e para os elementos das Forças de Segurança, não é só um valor importante que determina a têmpera de um carácter, mas constitui o vosso ADN, é a essência da vossa ação”, desenvolveu.

Sobre a palavra recordação, explicou que “re-cordar significa retornar ao coração, retornar com o coração”, e afirmou que, hoje, o que salva a humanidade e transforma o mundo são “as ações realizadas em prol do outro”, como mostra Jesus, e “acordar” é “um apelo a sair da sombra, da inatividade e despertar para a vida”, que se realiza na dádiva.

Esta peregrinação anual, organizada pela Diocese das Forças Armadas e de Segurança de Portugal, reúne militares dos três Ramos das Forças Armadas – Marinha, Exército e Força Aérea -, da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (SPS), numa viagem até ao Santuário de Fátima.

CB

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