Fátima: Peregrinação é «parábola da existência humana», diz cardeal D. António Marto

Simpósio debate «caminhos» para o Santuário, com a ajuda de especialistas nacionais e estrangeiros

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 21 jun 2019 (Ecclesia) – O cardeal D. António Marto defendeu hoje na abertura do simpósio ‘Fátima Hoje: que caminhos?’ que a peregrinação é uma “parábola da existência humana”, apresentando o ser humano como “alguém que faz caminho”.

“A peregrinação diz-nos algo de importante sobre o ser humano, a nossa existência, a nossa vida: somos e estamos a caminho”, sustentou o bispo de Leiria-Fátima.

O Simpósio Teológico-Pastoral decorre entre hoje e domingo no Salão do Bom Pastor, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, convidando os participantes a refletir sobre o sentido de peregrinar.

D. António Marto começou por falar num “anseio profundo” que se encontra no coração humano e nos “lugares interiores” que são descobertos e percorridos, em peregrinação.

“Existe, hoje, uma intensa busca de espiritualidade que se pode declinar em vários códigos interpretativos”, admitiu o responsável, aludindo a uma espécie de “bricolage” das crenças, um nível de “nebulosidade” que exprime uma necessidade espiritual, mas não encontro o “caminho” para “o centro habitado pela presença divina”.

“A peregrinação pode ser uma experiência bela e surpreendente de Deus”, assinalou o cardeal, para quem lugares de peregrinação são “lugares de graça”, onde se faz a experiência dos diversos aspetos deste peregrinar.

O responsável sublinhou que Fátima tem “particularidades singulares”, que lhe são impressas pela “dimensão mística e profética”, da sua mensagem, e por aspetos simbólicos “caraterísticos”, como a imagem peregrina, que percorreu 645 mil quilómetros nos cinco continentes.

A Cova da Iria é também marcada pela afluência de peregrinos de “todas as culturas”, que encontram um “ambiente de silêncio e de oração”, com lugares e personagens de referência.

O bispo de Leiria-Fátima citou o Papa emérito Bento XVI, o qual lhe disse que “não há nada como Fátima em toda a Igreja Católica no mundo”.

“Fátima abre caminhos para cá chegar e abre caminhos para quem daqui parte”, apontou D. António Marto, sublinhando, em particular, a valorização da “dimensão mística”, face a um certo “eclipse cultural de Deus, no Ocidente, e da “dimensão profética”, que aponta à paz, pela “cultura do diálogo” e por uma Igreja em “saída”, para as periferias da humanidade.

A peregrinação, concluiu o cardeal português, “acompanha a humanidade e pertence à identidade da Igreja”, assumindo uma caraterística particular em Fátima.

O tema proposto pelo Santuário para o este ano pastoral é ‘Dar graças por peregrinar em Igreja’, integrado no triénio 2017-2020, sob o tema ‘Tempo de Graça e Misericórdia’.

Investigadores de diferentes academias, nacionais e estrangeiras, são convidados a olhar a “humanidade peregrina”.

“Entre as verdades que Fátima tem proclamado ao longo de um século está a de que o ser humano continua a exercer a sua condição de peregrino; mais: entre essas verdades está a de, a partir da Cova da Iria, se sublinhar que essa condição é, por ventura, a mais clarividente metáfora da própria vida humana”, disse Marco Daniel Duarte, presidente da Comissão Organizadora do Simpósio, na abertura da iniciativa.

O programa debruça-se no primeiro momento sobre “a condição peregrina”, com reflexões de Paulo Rangel, Lídia Jorge, José Rui Teixeira, Helena Vilaça e José Paulo Abreu; este sábado, os trabalhos debatem a “peregrinação a Fátima”, com intervenções de António Martins, Marco Daniel Duarte, Adrian Attard, José Manuel Pereira de Almeida, Ana Luísa Castro e o Pe. Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima.

No último dia do simpósio, estão agendadas intervenções de Benito Mendez Fernandez e Nunzio Capizzi.

OC

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Agência ECCLESIA

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